A presidente da Comissão de Anistia, Ana Maria Lima de Oliveira, elogiou a mudança de postura do presidente Lula de romper o silêncio sobre o golpe militar de 1964, mas afirmou que o governo precisa de mais políticas de memória para que as pessoas reconheçam as violações ocorridas na ditadura militar.
Desde 2023 o petista e os comandantes das Forças Armadas mantinham uma estratégia de ignorar o aniversário do golpe, que completou 61 anos nesta segunda-feira (31). No ano passado, o Ministério dos Direitos Humanos cancelou ato em memória dos 60 anos em tentativa de evitar atritos com os militares. Nesta segunda, no entanto, Lula fez uma postagem em alusão à data e citou "ameaças autoritárias que, infelizmente, ainda insistem em sobreviver".
Para Ana Maria, a mudança de posicionamento de Lula tem relação também com os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. "Eu creio que o presidente viu que a não responsabilização daqueles que violaram a democracia no passado deu, digamos, uma coragem a mais para que tivéssemos então o episódio do 8 de Janeiro", afirma.
A procuradora federal aposentada defendeu que o governo adote mais políticas de memória, as quais qualificou de importantíssimas. "Nós precisamos fazer neste país educação para não repetição. É preciso que as gerações futuras aprendam o que foram as violações aos direitos humanos no passado para evitar que se repitam", complementou.
A presidente da Comissão de Anistia também afirmou que o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro é peça fundamental equação. "Sem dúvida nenhuma é muito importante que seja contado o que está acontecendo nesses processos que estão sendo analisados no Supremo, para que sejam responsabilizados os que violaram a democracia ou que atentaram contra o Estado Democrático de Direito para evitar possíveis atos futuros."