Deputado federal e candidato a vereador em São Paulo, Daniel José afirma que foi informado pela direção de seu partido, o Podemos, de que não terá tempo de TV e não receberá mais recursos de fundo eleitoral na eleição de 2024.
O motivo teria sido sua decisão de apoiar a candidatura do influenciador Pablo Marçal (PRTB) para prefeito de São Paulo, e não a de Ricardo Nunes (MDB), com o qual o Podemos fechou aliança. Procurada, a legenda não enviou resposta ao Painel.
José afirma que já esperava o que chama de "retaliações" e que esta é a primeira vez que ele está fazendo uma campanha com recursos do fundo eleitoral. Ele, que recebeu R$ 600 mil do Podemos, afirma que o valor representa uma fração do valor total esperado, que foi reduzido em 70%. Ele também recebeu contribuição de R$ 50 mil de Luis Stuhlberger, da Verde Asset.
O deputado tem aparecido em vídeos da campanha de Marçal encenando um personagem que denomina Socialista de iPhone.
No primeiro deles, aparece com farinha abaixo do nariz, em referência à acusação sem provas nem evidências feita por Marçal de que o concorrente Guilherme Boulos (PSOL) seria usuário de drogas e que já rendeu uma série derrotas ao influenciador na Justiça eleitoral.
No segundo vídeo, remete à encenação de exorcização com uma carteira de trabalho feita por Marçal com o psolista em debate entre candidatos.
Ex-deputado estadual pelo partido Novo, José tem recebido críticas de eleitores devido ao apoio a Marçal e à participação nos vídeos. Em sua maioria, esses apoiadores dizem que José abandonou a comunicação técnica que pautava seu trabalho anteriormente.
Ele diz à coluna que está usando o humor e a ironia como armas nas gravações e que a disputa política na capital sempre foi dura. Ele também nega que as acusações contra o psolista sejam falsas, mas igualmente não apresenta provas. Ele afirma que Boulos deveria apresentar um exame toxicológico como fez Nunes.
"Tem um motivo por trás disso [da acusação]. Não é uma acusação falsa. Não sei dele [se Marçal mostrará as supostas provas]", afirma.
"A disputa na eleição é de atenção. Da mesma forma que o politico na cidade pequena, que antigamente ganhava quem ficava mais próximo da população, hoje em dia a maneira de se estar próximo e aparecendo para as pessoas é em tempo de tela, com posicionamentos que você defende, e aí elas decidem se gostam de você ou não", completa.
O parlamentar afirma que acompanha o trabalho de Marçal há anos e que uma das principais plataformas que compartilha com ele é a melhora do ambiente de negócios.
"Ele tem uma perspectiva de empresário que acredito que é muito necessário que seja vigente na administração. O governo federal enxerga as empresas como fonte de receita de dinheiro público e não se preocupa com a qualidade do ambiente de negócios, e isso é fundamental para uma cidade como São Paulo. Além de questões ligadas a trazer mais empresas para fora do centro expandido, de forma que melhore a qualidade de vida das pessoas, diminuindo o tempo de deslocamento entre a casa e o trabalho", afirma.