O deputado federal Geraldo Mendes (União-PR) foi acusado pela sua mulher ao menos duas vezes nos últimos quatro anos de agressões, ameaças de morte e tentativa de estupro.
Em ambas as ocasiões, Emiliane Keli da Silva registrou boletim de ocorrência contra o parlamentar, atualmente candidato a prefeito de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. O mais recente ocorreu em março deste ano.
Nas duas vezes, no entanto, Emiliane voltou atrás e retirou as acusações contra o marido. Também pediu a revogação de medidas protetivas que havia pedido à polícia, o que levou o Ministério Público Estadual a encerrar os inquéritos que haviam sido abertos. Os dois seguem casados e morando juntos.
No BO mais recente, ela relatou que no dia 24 de março deste ano o marido invadiu a casa em que ela estava vivendo com as duas filhas do casal. Após xingá-la de "vagabunda" e dizer que "ela não vale nada", o parlamentar "gesticulou com as mãos em sinal de gatilho de arma de fogo".
"Por essa declaração a vítima sente-se ameaçada e teme que ele faça algo contra sua integridade física", relata o registro policial.
Ainda segundo o BO, uma semana antes, em 17 de março, o deputado teria tentado estuprá-la. "O noticiado [Mendes] adentrou a residência da noticiante [Emiliane] sem anuência da mesma, se dirigiu até o quarto da noticiante, e ao se deparar com a mesma deitada a puxou pelos braços em tentativa de levá-la para outro quarto para tentativa de atos sexuais".
No dia seguinte, teria repetido a investida. O BO diz que ele "jogou a noticiante na cama, indo para cima do corpo da noticiante sem sua anuência para tentativa de realizar ato sexual, no qual a noticiante o empurrou em tentativa de sair".
Já no BO anterior, de setembro de 2020, a mulher do parlamentar relatou que o marido a xingou e ameaçou matá-la.
"Tenho uma arma, aquilo não é para brincadeira. Eu não mato, mando matar", teria dito, empurrando-a em seguida. Mendes também teria coagido a mulher a assinar uma declaração de união estável com separação de bens porque não queria dividir o patrimônio do casal.
Advogados ouvidos pelo Painel afirmam que, apesar de as acusações terem sido retiradas pela esposa do parlamentar, casos de agressão a mulheres podem ser retomados por iniciativa do Ministério Público ou mesmo da vítima.
Outro lado
Procurada, a defesa do deputado, que se licenciou para a campanha, encaminhou ao Painel os documentos em que a mulher se retrata pelas acusações.
Em 19 de abril deste ano, menos de um mês após acusar o marido, ela enviou ao Ministério Público documento em que diz que registrou o BO "sob forte emoção, razão pela qual a continuidade da investigação será prejudicial a mim, ao meu companheiro e às nossas filhas".
"Nunca houve estupro ou tentativa de abuso, meu marido me procurou e eu recusei a investida", declarou. Ela também havia retirado a acusação anterior, em abril de 2021.
O advogado Thiago Chamulera, que defende o deputado, diz que as brigas foram "um dissabor de casal". "Ela mesmo pediu o arquivamento. Não é o perfil do deputado ser agressivo, é uma pessoa mansa", declarou.
As brigas, segundo o defensor, foram motivadas por ciúme e desavenças em razão de reformas na casa do casal. "Isso tudo está superado", declarou.