O governo federal aposta em um pacote de medidas neste final de ano para aplacar as cobranças do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em meio a protestos e invasões de fazendas. Elas envolvem assentamento de famílias e liberação de recursos para produção e assistência técnica.
Até o final do governo, a expectativa do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) é assentar 60 mil famílias das 100 mil atualmente acampadas, de acordo com o cadastro do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O MST vem pedindo a cabeça de Teixeira, que prefere não polemizar com o movimento.
O governo destinou R$ 1 bilhão para crédito de instalação de assentados e fechou uma parceria com universidades e institutos federais para ajudar na assistência técnica aos agricultores.
Além disso, investiu R$ 387 milhões para compras de terra e, no último dia 27 de novembro, publicou uma portaria definindo valor de até R$ 700 milhões para adjudicações de imóveis rurais de devedores para a União no âmbito do programa Terra da Gente.
"Todas essas ações confluíram para serem efetivadas em dezembro deste ano e janeiro de 2025", diz o ministro. "Tudo vai para a rua agora. Então vamos ter um volume alto de entregas, com um pacote de medidas viabilizado."
O ministro diz que o diálogo com o MST e outros movimentos sociais sempre foi mantido e avalia que os resultados compilados neste fim de ano e início de 2025 vão responder às cobranças dos grupos. "O que importa é a capacidade de entrega do governo."
Desde o início do governo Lula, o MST tem demonstrado insatisfação com a velocidade dos processos de reforma agrária, cobrando mais assentamentos e condições para as famílias acampadas. O movimento diz que não há avanço na questão há mais de dez anos.
No início do mês, os integrantes do movimento colocaram em marcha a campanha Natal com Terra, que deve continuar. No último dia 3, famílias do MST iniciaram invasões no Rio Grande do Sul e no Pará.