A área econômica do governo atribui a disparada do dólar e a reação do mercado financeiro ao pacote de ajuste fiscal a um descasamento de expectativas criadas a partir de vazamentos de informações pontuais e o que de fato acabou sendo anunciado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).
Nas palavras de um técnico, houve "assimetria de informações", com a percepção errada das medidas.
Segundo ele, os analistas de mercado, a partir dos vazamentos, fizeram cálculos que esperavam ver concretizados. Ao mesmo tempo, causou mal-estar a divulgação da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, algo que não estava previsto no pacote inicial. O problema foi tão agudo que obrigou os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a irem a público dizer que esta pauta é apenas para 2025.
A avaliação otimista do governo é que, conforme os agentes econômicos forem tendo mais informações a respeito das medidas, a reação vai arrefecer, com o dólar caindo abaixo de R$ 6. Isso se intensificará com a eventual aprovação pelo Congresso das medidas já propostas.
O governo martela na tecla de que o pacote é um ajuste para manter de pé o arcabouço, insistindo na economia de R$ 30 bilhões para 2025, além dos cortes já anunciados de R$ 25 bilhões neste ano.
Segundo uma pessoa que participou das discussões, os ajustes servem para garantir espaço para os gastos discricionários, que estavam sendo "esmagados" com o crescimento dos obrigatórios.