Pacientes do Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, têm cirurgias de emergência agendadas para quase um mês após a internação. Eles também denunciam falta de quartos, atendimento e higiene precários.
A unidade é voltada para casos de média e alta complexidade. Kerollen Adriellei, 25, sofreu um acidente de moto no último dia 8 e foi internada com fraturas em duas vértebras da coluna, na região lombar. A jovem não pode se mexer. A intervenção para corrigir os traumas foi marcada apenas para 3 de março.
Ela foi colocada na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), onde deveria ficar até a data da cirurgia, pois não havia quarto disponível. Seus familiares foram até a ouvidoria do hospital, mas escutaram que todo o possível já estava sendo feito.
A Secretaria Municipal da Saúde diz que o Hospital Campo Limpo está em reforma para revitalizar a estrutura física, ampliar o número de leitos existentes (de 299 para 450), bem como melhorar ainda mais as condições de acessibilidade e assistência. O investimento estimado é de R$ 278 milhões e a previsão de conclusão da obra é de três anos.
Sobre o caso de Kerollen, a gestão Ricardo Nunes (MDB) informou somente que ela seguia internada "sob os cuidados necessários da equipe médica". Horas depois do contato da reportagem, na tarde desta segunda (17), a cirurgia da paciente foi remarcada para a próxima sexta (21).
O caso citado, porém, não é isolado. Outras pessoas que procuraram atendimento no Campo Limpo citam a longa espera para realização de cirurgias consideradas sensíveis.
Em 6 de julho de 2024, Edilson Silva, 47, também entrou no hospital com duas fraturas na coluna. Ele esperou até dia 30 daquele mês pela operação, enquanto alternava noites em corredores e na enfermaria por falta de vagas nos quartos.
O atendimento do hospital também é alvo de reclamações. Usuários ouvidos pela Folha relataram espera de até 8 horas por uma consulta, muitas vezes em razão da quantidade de pacientes, e tratamento ruim por parte dos funcionários.
A higiene do local também é criticada. Há relatos de pontos sem ar-condicionado operante e mau odor.
O Hospital Municipal do Campo Limpo –batizado oficialmente de Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha– foi inaugurado em 1990 e presta atendimento de média e alta complexidade em algumas especialidades para as quais é referência: neurocirurgia, ortopedia, traumas, gestação de risco e psiquiatria.
Em julho de 2024, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo emitiu alerta para a prefeitura sobre a situação da unidade de saúde, após uma inspeção. À época, os auditores encontraram problemas como a falta de insumos hospitalares, superlotação e a defasagem de pessoal.