Nessa semana não vou falar de carros, ônibus ou caminhões. Vou falar sobre a grande emoção que vivi com grandes craques do meu amado Santos FC, que assisti muitas e muitas vezes no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, ou outros estádios brasileiros.
Foi em um sábado qualquer de um dia de sol em Santos que pude encontrar, abraçar e falar da minha admiração por todos eles: Manoel Maria, Lima, Abel e Edu, craques do Santos, (dos tempos em que ali também brilhavam Pepe, que não pode comparecer, Mengálvio, que também não conseguiu ir, Coutinho, que já nos deixou e, claro, ele, o maior de todos os jogadores do Universo e de todos os tempo, o Rei Pelé).
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Mas eu estava muito feliz, pude abraçar cada um daqueles quatro que, eu mais minha mãe Olinda e meu irmão Lub (Luiz Antônio) éramos separados pelos alambrados da Vila Belmiro e de muitos outros estádios onde o Peixe jogava e lá íamos nós.
Mas eu estive com todos eles por causa de um outro grande craque do Santos FC. Não um craque de chuteiras, mas de ensinamentos e preparo dos jogadores santistas das décadas de 60 e 70, principalmente.
Eu estava ali, naquele sábado, para ouvir o que aqueles meus quatro heróis para saber o que eles pensavam daquele professor, que, além de ensinamentos no preparo físico, também lhes deu lições de vida, o professor Júlio Mazzei, com certeza o melhor de todos na sua função, reconhecido internacionalmente e grande responsável pelo sucesso do futebol (lá, Soccer) nos Estados Unidos, via Cosmos, time onde o Pelé reiniciou sua carreira.
Pura emoção
Quando pedi a cada um deles que falassem o que achavam do professor Júlio Mazzei, via brilho de emoção em cada de seus olhos. Era como se eu mencionasse o nome de um ser de uma outra galáxia. Havia algo de paixão em cada palavra de cada um deles.
Manoel Maria (Manoel Maria Evangelista Barbosa dos Santos) , além enaltecer sua capacidade de ensinamentos na área esportiva, mencionava sempre que o “professor” lhes ensinou que “o caráter era algo que deveriam manter por toda a sua vida, dentro ou fora da sua vida profissional”.
O ponta direita, grande parceiro de Pelé nas cantorias, fez 167 gols pelo Peixe elogiou a postura de Júlio Mazzei, que sempre tratou a todos com carinho e buscando a particularidade de cada jogador “para que cada um de nós conseguisse dar o melhor de si, dentro e fora do campo”.
Abel (Abel Verônico da Silva Filho), que viera do América carioca, chegou ao Santos, em 1966, junto com o professor, que viera do Palmeiras. O ponta esquerda, que é pai do jornalista Abel Neto, da ESPN Sports e da Star +, desataca que Júlio Mazzei sempre mencionava a necessidade de se manter o caráter em todos os momentos da vida.
“Em 1972 sai do Santos e fui jogar no México e quando soube da ida do professor para os Estados Unidos eu pensei: se ele faz parte, vai dar certo!”, disse.
O Edu, outro ponta esquerda do time santista, da Era Pelé, foi mais jovem jogador a participar da Copa do Mundo, em 1966, aos 16 anos. Ele considerava Júlio Mazzei como um grande amigo. “Mais que isso, acrescenta ele, um verdadeiro pai para mim e para outros jogadores da época”.
O jogador, que facilmente ficava a cima do peso, dizia para o professor que precisava melhorar o seu treino e ele alertava para não exagerar. Mas, ao mesmo tempo advertia o ponta dizendo que ele precisava melhorar condicionamento físico.
“Você precisar melhorar o seu preparo, porque a capacidade de jogar bola você já tem”, conta Edu o que ouvia de Júlio Mazzei.
Além de ensinamentos no preparo físico, Mazzei também foi professor de inglês do jogador. Edu conta que em todas as viagens ao exterior procurava sentar ao lado dele para aprender o idioma. E aprendeu!
Outro aspecto que Edu ressalta nos ensinamentos do professor é que ele sabia das necessidades de cada um no time. E conta que, em dias de chuva., quando o time treinava no Ginásio Athié Jorge Couri, ele ia fazer exercícios no campo, porque tinha pés chatos e o piso do ginásio era duro e lhe causava dor.
Edu, como seus colegas, destacou que “ele, o professor, ajudou-nos a formar nosso caráter e hoje, estamos aqui, reunidos com nossa família porque seguimos seu conselho”.
Lima, conhecido com o “Coringa” daquele melhor time do Mundo, também demonstra todo o seu carinho pelo professor Mazzei, lembrando que seus ensinamentos foram de grande importância para o seu desenvolvimento no futebol.
“Eu não poderia ter melhor preparador, orientador e amigo que o professor Júlio Mazzei. Ele nos ensinou a amar o que fazíamos. Quando terminava o treino, a maioria de nós não ia embora senão tivesse algum compromisso. Continuávamos treinando chutes ao gol, ensaiando novas jogadas. E ele, também não ia embora, ficava ali conosco até que fossemos embora. Sempre nos orientava na melhor forma de conviver com os companheiros do clube e com a família. O caráter, para ele, era a coisa mais importante, e isso todos nós carregamos em nossas vidas até hoje.
Foram algumas horas deliciosas em que eu pude registrar todo o carinho que esses quatro craques dedicaram – e ainda dedicam – aquele que todos chamam de amigo, pai, protetor e professor. Não apenas pelos ensinamentos dentro do campo, mas, principalmente pelo que o professor Júlio Mazzei passou para todos eles no que diz respeito ao caráter, que todo mencionam emocionados. Foi muito gratificante registrar estes sentimentos.
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