A entrega especial dos Correios por meio de um drone, testada em Curitiba, é mais do que uma curiosidade, ou de uma possibilidade futura de fazer determinadas entregas por via aérea. Marca uma segunda revolução, provocada pela tecnologia, em uma companhia fundada em 1663 –portanto, com 362 anos. A primeira quebra de paradigma veio com as mensagens por email e, mais tarde, por aplicativo, que tornaram as cartas exceções, e não a norma, de comunicação a distância.
Os avanços tecnológicos têm o condão de, em algum momento, condenar práticas aos arquivos da memória ou ao acervo dos museus. E nós, consumidores e consumidoras, temos de nos habituar rapidamente, pois assim é e assim será.
Imediatamente, pensamos nos profissionais que fazem as entregas e que hoje, em lugar de cartas, nos entregam itens adquiridos em marketplaces. Espero que sejam treinados e preparados para novas atividades e funções.
O drone dos Correios me fez lembrar o quanto mudaram nossas vidas, sem que percebêssemos. Nós nos habituamos a pedir comida e transporte pelo aplicativo; a fazer operações bancárias sem sair de casa; a ouvir música e a assistir a séries e a filmes pelo streaming; a solucionar uma intercorrência simples de saúde por teleconsulta.
Um telefone, que antigamente fazia e recebia chamadas, fixo, em lugar de destaque em casa e no trabalho, hoje carrega nossa vida pessoal, financeira e de lazer.
Essa facilidade e mobilidade se revertem imediatamente para o consumidor, que conta com mais serviços em casa ou no escritório, a preços mais acessíveis. Mas aumentam o risco de perda e de golpes. Demandam muito mais segurança e cumprimento da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), no que se refere à privacidade e ao uso e tratamento de nossas informações.
Os carros autônomos ainda me parecem estranhos e perigosos, sem motorista, mas não duvido que se tornem norma, não exceção.
À medida que o uso de sensores wearables (vestíveis) se tornar mais comum, teremos nossos indicadores de saúde monitorados a distância.
E isso que ainda nem falei da IA (inteligência artificial), que avança na internet e nas redes sociais, respondendo a perguntas, projetando como o beatle John Lennon estaria aos 84 anos, fazendo estátuas se moverem e dançarem, entre outras coisas.
Por isso, acredito que objetos e comportamentos vintage, ou seja, antigos e originais, também continuarão em alta. Não somente pela nostalgia, mas para respirar e, por algumas horas, para nos lembrarmos de um mundo em que somente as pessoas prestavam serviços a pessoas.