Opinião - Maria Inês Dolci: Consumidor pode se defender da inflação com pesquisa e mudança de hábitos

há 3 semanas 2

Inflação é uma doença crônica que exige controle constante. E que, quando parece totalmente vencida, aproveita uma brecha na falta de imunidade econômica para assustar os brasileiros. É claro que não tratamos de hiperinflação, derrotada pelo Plano Real e por medidas subsequentes, mas sempre que ultrapassa o limite da meta, provoca debates, pressões do mercado e as taxas de juros sobem. Mas, não é demais lembrar, o consumidor pode ajudar a domar esse monstro, com pesquisa e mudança de hábitos de consumo.

Quando ela vem no galope do dólar, as coisas se complicam, porque os combustíveis sobem, e toda a atividade econômica e social depende de transporte. Os preços das commodities –produtos que exportamos, como café, açúcar, soja, carne, algodão, arroz, por exemplo –são cotados em dólar, então a desvalorização do real afeta os preços de produtos da cesta básica.

A primeira medida a ser adotada pelo consumidor, mesmo aqueles de renda mais alta, é comparar preços. Os repasses da inflação e da alta do dólar não são exatamente iguais em todos os estabelecimentos comerciais. Por que pagar mais caro, então?

A outra ação recomendada dá mais trabalho: substituir produtos cujos preços subam demais, por outros mais em conta, ou por marcas com preços menores.

Uma terceira providência seria reduzir ao máximo o desperdício. Isso se faz, por exemplo, aproveitando integralmente vegetais e legumes. É possível e recomendável usar raízes, folhas, cascas e sementes em suas receitas, bem como aproveitar as sobras de alimentos que estiverem em boas condições. A conservação adequada, também, evita a perda de alimentos, que é o pior tipo de despesa possível.

Roupas e calçados nem sempre devem ser descartados. Às vezes, há como reformar as roupas e trocar um salto ou sola do sapato. Como já escrevi neste espaço, não temos necessidade urgente de adquirir o smartphone que acaba de ser lançado, se nosso aparelho atual ainda funcionar bem.

O uso do automóvel particular para deslocamentos curtos, especialmente se estivermos sozinhos, não faz sentido, pois além do bolso prejudica também o ambiente. Fora dos horários de pico, é totalmente possível utilizar ônibus, trem e metrô. E as viagens em carros por aplicativo têm preços interessantes. Em trajetos com ciclovias, vale fazer exercício enquanto se desloca.

O final do ano, com as festas de Natal e Réveillon, costuma esvaziar as contas-correntes. Fica difícil evitar gastos com ceia e presentes, mas dividir os custos entre os convidados e fazer amigo secreto diminui o desembolso de dinheiro.

E por último, mas não menos importante: com o aumento da taxa Selic (básica de juros da economia), os juros do rotativo do cartão de crédito ficam ainda mais impossíveis. Adie uma compra se tiver de pagar juros nas prestações. Não vamos ajudar a colocar lenha na fogueira da inflação.

Com planejamento, criatividade e um pouco de disciplina, é possível enfrentar a inflação e garantir uma vida mais tranquila e sustentável. Lembre-se, cada pequena atitude faz a diferença.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Leia o artigo completo