Opinião - Maria Inês Dolci: Comida fake não é solução para enfrentar da inflação

há 4 horas 2

Chega de comida fake!

A inflação voltou a irritar os brasileiros, especialmente quando compram alimentos. Na feira e no supermercado, os preços assustam. Mas o pior é a forma como os fabricantes estão enfrentando essa situação: reduzindo o peso dos produtos ou substituindo itens por um similar fake, como no caso do leite condensado com rótulo igual, mas que na verdade é uma mistura láctea condensada.

No mínimo, os rótulos deveriam ser bem diferentes dos produtos originais, para evitar a compra motivada pelo preço, sem saber que comprou, por exemplo, óleo misto (azeite + óleo de soja) em lugar de azeite.

O CDC (Código de Defesa do Consumidor) é muito objetivo com relação ao direito à informação. No artigo 6º, um dos direitos do consumidor é "a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem".

Além disso, o artigo 37 diz que "é enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços".

Ora, vender mistura láctea como leite condensado ou chocolate com 80 gramas (no passado, um barra tinha 200 gramas) sem deixar muito claro que o peso foi reduzido gradativamente, é induzir o consumidor a erro. Isso também ocorre em embalagens de pretensos cafés, feitos de cevadinha ou com borra de café, cevada e milho, chamados de "pó para preparo de bebida sabor café".

Voltei a este assunto porque, nos últimos meses, uma conjugação de eventos climáticos extremos (secas e enchentes) provocou aumento generalizado dos preços de alimentos. E essa inflação dos alimentos deixa os brasileiros com péssimo humor, porque aumenta o peso da alimentação nos gastos das famílias.

Mas certamente a solução não é a reduflação (redução do peso ou do tamanho dos produtos para não reajustar preços), nem a maquiagem de itens como manteiga, azeite, café, leite condensado, creme de leite, requeijão, dentre outros. Um problema tão sério tem de ser enfrentado com a participação das autoridades, dos fabricantes, dos comerciantes e dos consumidores, sem disfarces nem com produtos que pareçam mas não sejam o que se espera deles.

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