Opinião - Lorena Hakak: Além do limite: A motivação na busca por medalhas olímpicas

há 4 meses 25

As Olimpíadas são eventos de tirar o fôlego que nos lembram como é bonito ver uma celebração que reúne inúmeros países, diferentes esportes e um só objetivo: o sonho de conquistar pelo menos uma medalha olímpica, especialmente a cobiçada medalha de ouro.

Os países adotam diferentes métodos para classificar as medalhas olímpicas, não havendo um padrão único. No Brasil, por exemplo, as medalhas são classificadas dando maior peso à de ouro, seguida pela de prata e, por último, a de bronze. São as chamadas preferências lexicográficas. Em contrapartida, outros países somam o total das medalhas ganhas, atribuindo o mesmo peso a todas elas na classificação. Conquistar uma medalha olímpica é um feito tão magnífico que a classificação lexicográfica, ao atribuir um peso excessivo à medalha de ouro, pode desvalorizar as demais.

O atleta que conquista a sua medalha olímpica realiza um sonho que muitas vezes começa na infância. Esse sonho, combinado com talento e muito esforço, permite que os jovens dediquem suas vidas à busca olímpica, mesmo que às custas de dor e exaustão física. Podemos dividir essa motivação em duas categorias: motivações intrínsecas e extrínsecas.

Segundo o artigo "Intrinsic and Extrinsic Motivation in Sports", a busca pela satisfação pessoal e diversão, assim como a satisfação de dominar certas habilidades e completar tarefas, encaixa-se na primeira categoria. Essa motivação é um sentimento que nasce e depende do próprio atleta. Porém, existem outras motivações que levam os atletas a buscarem estar entre os melhores, e que são influenciadas por fatores externos. Motivações materiais, premiações, reconhecimento, ganhos financeiros e mobilidade social são exemplos da segunda categoria. Tanto as motivações intrínsecas quanto as extrínsecas podem ser utilizadas para melhorar a performance dos atletas durante os treinos e nas competições.

Há uma discussão sobre quais motivações devem ser priorizadas no esporte: intrínsecas, extrínsecas ou uma combinação de ambas. Essa discussão me lembra uma cena icônica do filme "Jerry Maguire", lançado em 1996. O filme mostra a relação entre o agente desportivo, interpretado pelo ator Tom Cruise, e o jogador de futebol americano, interpretado por Cuba Gooding Jr., que ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante. Em um momento do filme, o agente pergunta ao jogador se, quando criança, ele sonhava em jogar por dinheiro ou pela paixão pelo esporte. A partir desse momento, o jogador melhora seu desempenho de forma surpreendente.

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É difícil imaginar que um atleta seja movido exclusivamente por motivações intrínsecas ou extrínsecas. Na verdade, elas podem se complementar. Um atleta com alta motivação intrínseca, por exemplo, pode aprender a mensurar o seu desempenho a partir dos resultados de uma competição. Prêmios podem motivar atletas a atingir metas muito difíceis, embora um excesso de motivação extrínseca deve ser evitado, como ilustrado no filme Jerry Maguire. Como em tudo na vida, precisamos buscar um equilíbrio.

Uma das primeiras lições estudadas em economia é que as pessoas respondem a incentivos. Porém, essa resposta varia entre indivíduos. Alguns estudos apontam que meninas adolescentes podem ter sua motivação mais ligada a questões internas do que externas quando comparadas aos colegas do sexo masculino, principalmente em esportes de equipe. Esses resultados podem explicar por que os técnicos trabalham de forma diferente a motivação e a performance quando treinam times femininos ou masculinos.

Assistir à final de ginástica artística em grupo foi como ver um balé com a graça da ginástica olímpica. Além da beleza, como todo esporte em grupo, ele traz outro componente que é tão importante quanto competir: a cooperação e o espírito de equipe. A admiração e o respeito mútuos entre os atletas, como vimos no pódio da final de solo da nossa Rebeca Andrade, foram bonitos de ver. No fim, tudo o que queremos é torcer por uma competição boa e justa.

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