Opinião - Dora Kramer: Síndrome de super-homem

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A sequência de intercorrências de saúde do presidente Luiz Inácio da Silva —operação no quadril, pneumonia, bursite e queda seguida de cirurgias, só neste mandato— contradiz a versão dele de que, aos 79 anos, conserva a energia dos 30.

Sensações de bem-estar se traduzem em ilusão quando se chocam com a realidade. Nada demais, é a vida dos humanos, por mais super-homens e mulheres que desejássemos ser. Seria ótimo, mas não é assim que toca a banda na transformação natural de nossos corpos e mentes.


Lula, cuja autoimagem de elevada estima já o levou a se definir como "uma ideia" e comparar-se a Jesus Cristo, vai se vendo —a conferir se já percebendo— na contingência comum à humanidade: ir com muito mais calma nessa hora em que as circunstâncias da existência batem à porta.

Nada de excepcional. Razão nenhuma para desânimo. Ao contrário. É motivo de comemoração ver o avançar do tempo na posse de condições mentais e físicas condizentes com a idade ainda, como é o caso de Lula, com capacidade de ganhar uma eleição e de governar o país.

Como se observa nas diferenças apontadas entre o presidente de agora e o de duas décadas atrás, isso não é possível de ser feito aos 79 anos na mesma intensidade dos 57, quando foi eleito a primeira vez. Ou aos 73, quando enfrentou 580 dias de perda de liberdade, mortes na família e a tarefa de reerguer um partido abalado por escândalos de corrupção.

Com altos e baixos, Lula foi figura central no país nas últimas quatro décadas. Poderia ter feito mais pela própria biografia cedendo espaço na ribalta ao sair do segundo governo com 80% de aprovação popular. Descartada a aposentadoria, pois teria seguido como a eminência mais clara da política brasileira.

Preferiu apostar na insistência e, em tese, ganhou. Na prática, perdeu metade daquele índice, segundo pesquisas atuais. Ainda assim, continua na liderança do rol das figuras relevantes. Mas já vê a antes remota hipótese de não concorrer à reeleição sendo posta na mesa de avaliações sobre o cenário de 2026, como uma possibilidade objetiva. Na verdade, a mais realista.

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