Opinião - Bruno Boghossian: Maduro prepara uma nova etapa de fechamento do regime

há 6 horas 3

Logo antes de assumir um novo mandato, Nicolás Maduro reuniu suas tropas. Durante a semana, o ditador venezuelano vestiu uma roupa camuflada e discursou para as milícias bolivarianas, formadas por militares da reserva e civis que atuam a serviço do chavismo. Depois, ele se encontrou com comandantes das Forças Armadas para lançar um programa regional de defesa.

Nos dois atos, a tônica de Maduro foi a mesma. Ele acusou a extrema direita fascista de tramar a derrubada de seu regime, com o apoio de governos estrangeiros. Noticiou a prisão de mercenários que estariam envolvidos nesse plano e anunciou o reforço de órgãos armados para, de acordo com suas palavras, defender a soberania do país.

Maduro sabe que não é fácil a vida de um governante com um mandato ilegítimo, reivindicado após uma eleição com claros indícios de fraude e marcada pela recusa do regime em apresentar as atas oficiais de contagem dos votos. A insatisfação de parte dos venezuelanos e a volta de protestos às ruas do país levaram o ditador a exibir suas armas.

Os sinais emitidos por Maduro indicam que a posse desta sexta-feira (10) marcará a inauguração de uma etapa adicional de fechamento do regime. A caracterização de opositores como conspiradores não é uma novidade em si, mas o ditador decidiu dobrar a aposta num aparelho de segurança turbinado para intimidar e punir seus adversários.

O quadro exige do Brasil uma postura muito mais enérgica em relação a episódios de violação de direitos políticos praticados pelo regime chavista. Preservar os canais diplomáticos, o que inclui a ida da embaixadora brasileira à posse, será uma ferramenta necessária para esta missão. O governo Lula, no entanto, deveria reduzir a zero a temperatura da relação com Maduro.

Os olhos do ditador, a esta altura, estão voltados para o norte. O perfil imprevisível e os sonhos intervencionistas manifestados por Donald Trump deixam o venezuelano em estado de alerta. Num esforço comovente para poupar o republicano, por enquanto, Maduro atribui as supostas ameaças imperialistas que cercam seu regime apenas ao governo de Joe Biden.

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