Opinião - Adriana Fernandes: A paciência de Lula com Galípolo

há 2 horas 1

O fechamento de 535.547 vagas de trabalho em dezembro surpreendeu negativamente o governo. A piora teve peso para a queda do dólar e juros futuros no dia em que Lula disse que, se depender dele, não haverá outra medida fiscal.

A razão foi a percepção dos investidores de que o transatlântico da economia brasileira começou a virar de rota e já teria entrado num processo de desaceleração em resposta à subida dos juros pelo Banco Central.

Não se sabe ainda se é um sinal claro de pé no freio da atividade. A queda do Caged foi bem mais forte em contraste com o dado de emprego do IBGE.

A dúvida que está no ar é sobre qual será a reação do governo num cenário de redução abrupta da atividade econômica.

Se o desespero bater, o apoio que Lula deu a Gabriel Galípolo, na primeira fala após o BC elevar a Selic para 13,25%, pode ser substituído por medidas para impedir uma desaceleração mais pronunciada do ritmo de crescimento.

O movimento do governo para aumentar o crédito com uma nova modalidade de empréstimo para os trabalhadores celetistas já é uma preocupação. Lula falou na criação do maior programa de crédito do país. Uma bomba do consignado privado atrapalharia o BC. A atenção também está voltada para os movimentos de desembolsos do BNDES.

Lula entregou confiança e paciência a Galípolo. Mas deixou uma pulga atrás da orelha ao prever que o presidente do BC vai criar as condições de entregar uma taxa de juros menor "no tempo que a política permitir que ele faça".

Não ficou claro se foi uma referência à política monetária ou à circunstância política do momento. Com a crise do Pix, o ano começou mais difícil do que o governo esperava, o que renova a pressão por medidas extras na direção contrária do que o BC está fazendo, que é esfriar a economia.

Apesar do recuo do dólar, o patamar atual é muito alto. É um preço que machuca o crescimento. Não haverá melhora significativa, se não houver medida nova.

Lula vai insistir em mexer nas renúncias fiscais, mas não fará novas medidas de corte de gastos em benefícios sociais, saúde e educação.

Como ele mesmo já disse, 2026 já começou.

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