Gleisi Hoffmann saiu de reunião com Fernando Haddad prometendo para a próxima semana o envio do projeto de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 e a taxação dos milionários. Lula falou que será na terça-feira (18).
Essa é uma pressa que pode custar caro à comunicação da medida, apontada como a mais importante da agenda econômica de 2025.
Faltam ajustes no modelo escolhido para a desoneração do IR e também para a taxação mínima dos super-ricos, inclusive refinamento dos cálculos. Com a Receita Federal em greve, ficou tudo mais difícil.
O desenho da tributação é complexo, de difícil explicação para a sociedade, e necessitará de um trabalho de bastidor meticuloso de preparação do conteúdo a ser apresentado. Não há sinais de que isso esteja em curso. Até chegar ao modelo que a cúpula da Fazenda bateu o martelo, foram testados uns três formatos diferentes.
O risco é a repetição do que ocorreu no pacote de corte de gastos em dezembro passado. Por pressão da ala política do governo e do PT, o anúncio foi acompanhado da desoneração do IR e gerou turbulências.
O dólar bateu a cotação de R$ 6 e dias depois atingiu R$ 6,30. O Banco Central anunciou, na sequência, um choque de juros para reverter o descontrole do mercado com uma alta de um ponto percentual em dezembro e sinalização de aumentos de mesma intensidade nas duas reuniões seguintes, em janeiro e outra agora em março.
A reunião deste mês acontecerá na semana do envio do IR. A dúvida que embala a decisão do BC é sobre os sinais daqui para a frente, até onde vai o ciclo de alta.
O debate que está no ar é o Copom exagerar a dose, diante dos sinais da economia desacelerando depois do PIB mais fraco, especialmente se for enviado o IR.
Lula e Gleisi devem achar que o anúncio do IR vai se contrapor ao aperto dos juros promovido por Gabriel Galípolo. Mas estão equivocados. Mesmo que seja bom, o projeto pode gerar marola se não tiverem cuidado e ele virar apenas peça de propaganda de um presidente com baixa popularidade.