A grave crise que afeta as finanças da Volkswagen deverá gerar impactos diretos na estrutura fabril da empresa na Europa. Informações preliminares sobre o fechamento de fábricas já vinham circulando nas últimas semanas e, agora, a própria empresa fala oficialmente sobre as medidas amargas que estão sendo planejadas. Segundo o CEO, Thomas Schäfer, qualquer solução passa pela "redução do excesso de capacidade e dos custos".
De acordo com o executivo, o plano de corte de gastos resultará em demissões e programas de aposentaria antecipada, além do fechamento de unidades fabris importantes. Estão na berlinda as unidades de Dresden e Osnabruck, na Alemanha e que atualmente produzem os modelos ID.3, T-Roc Cabriolet e os Porsches Cayman e Boxster. A terceira, até então desconhecida, provavelmente será a planta de Emden (ALE), que atualmente produz os modelos ID.4, ID.7 e ID.7 Tourer.
Se confirmados os planos, será a primeira vez na história que a Volkswagen fechará fábricas na Alemanha. Responsável por representar os trabalhadores das fábricas afetadas, o sindicado IG Metall tem tentado negociar saídas com a montadora, mas as conversas parecem estar longe de qualquer entendimento. Com isso, as tensões aumentaram nas últimas semanas e a deflagração de greves já começa a ser discutida. Rumores indicam que os funcionários poderão anunciar paralisações já a partir de dezembro.
Foto de: Volkswagen
Fábrica de Endem - Alemanha
Origem da crise
A crise que afeta diretamente as finanças da Volkswagen tem origem tanto na Europa quanto na China. De acordo com Arno Antlitz, que lidera os setores financeiro e operacional da marca, o mercado europeu encolheu consideravelmente depois da pandemia e provavelmente não voltará ao patamar comercial de antes. Com esse recuo, a Volkswagen deixará de vender pelo menos 500.000 carros por ano, afetando diretamente as previsões de lucro e gerando ociosidade nas fábricas.
Foto de: Volkswagen
Volkswagen Passat Pro é exclusivo da China
Para piorar, a Volkswagen não tem mais os "cheques vindos da China", como disse o próprio CEO Oliver Blume. O país foi por décadas a 'galinha dos ovos de ouro' da montadora, mas passou por mudanças profundas nos últimos anos. O consumidor chinês, até então fiel comprador de marcas estrangeiras, migrou para fabricantes locais e consolidou sua preferência doméstica em detrimento de opções europeias. A liderança histórica da marca no país foi perdida em 2023 para a BYD. O fechamento de fábricas por lá também está sendo discutido.