A operação foi registrada sob rito automático na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme a Resolução nº 160, e será coordenada por UBS BB, BTG Pactual e Citi. O preço por ação foi fixado em R$ 3,58.
Além das ações, os investidores receberão bônus de subscrição — instrumento que garante o direito de adquirir ações no futuro, sem custo adicional — na proporção de um bônus para cada ação subscrita.
Quanto a Azul espera captar?
A oferta parte de uma base de 450,5 milhões de ações, com potencial de aumento em até 155%, chegando a quase 698 milhões de papéis adicionais. Isso eleva o teto de captação para cerca de R$ 4,1 bilhões, caso haja demanda. O período para exercício do direito de preferência por parte dos atuais acionistas vai até 22 de abril.
A negociação dos novos papéis e dos bônus na B3 terá início em 25 de abril, com liquidação prevista para o dia 28.
Para que serve esse dinheiro?
Segundo a Azul, o capital será usado para duas finalidades principais:
- Reforçar o caixa da companhia, em meio a um cenário ainda desafiador no setor aéreo;
- Reduzir o endividamento, com destaque para a conversão obrigatória de parte dos títulos de dívida no exterior em ações preferenciais -- um processo conhecido como "equitização";
Se der certo, o movimento também deve dar tração à fusão com a Gol.
Como anda a negociação da fusão
Anunciada em janeiro, a possível fusão da Azul e da Gol criaria uma empresa capaz de deter mais de 60% do mercado doméstico de transporte aéreo de passageiros, o que exigirá aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A Azul não registra lucro anual desde 2019. A Gol, por sua vez, está em recuperação judicial nos Estados Unidos.
Em janeiro, as duas empresas obtiveram um abatimento de R$ 4,8 bilhões em suas dívidas com a União, através do mecanismo de transações tributárias. A coluna explicou o caso nesta reportagem.
O acordo consistiu no no perdão de multas e juros de mora sobre tributos já inscritos em dívida ativa em troca do pagamento parcelado do principal. Os descontos de R$ 3 bilhões para a Gol e R$ 1,8 bilhão para a Azul foram os maiores já concedidos pelo fisco desde a entrada em vigor da Lei nº 13.988 em 2020, que passou a permitir esses acordos de empresas com o fisco.
Reportagem
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