O que é 'economia da solidão' e por que ela é uma tendência no mundo

há 23 horas 2

Cientistas estimam que este valor possa ser muito maior, na prática. A solidão impactaria a produtividade e a capacidade logística de participação do trabalhador -no mundo todo.

Pandemia e trabalho remoto reforçaram uma tendência de isolamento que já acompanhava a geração Z. No Fórum Econômico Mundial de 2015, a economista Noreena Hertz, uma das pioneiras na pesquisa da economia da solidão, cunhou o termo "Geração K" para se referir aos então jovens entre 13 e 20 anos inspirados pela heroína distópica Katniss Everdeen, de "Jogos Vorazes".

Ela descreveu esta geração como mais ansiosa, mais preocupada com desigualdades e mais determinada a ser só do que as anteriores. Eles teriam sido mais moldados pelo individualismo trazido pela tecnologia e pela recessão econômica, vivendo sob a sensação de "ameaça existencial", e menos sob o otimismo com o qual os millennials teriam crescido.

Eles não são os únicos impactados, mas impulsionaram mudanças de prioridades —e os negócios tiveram que acompanhar. Países asiáticos, onde a economia da solidão já tem um caráter mais definido há alguns anos, apresentam um crescimento significativo de adoção de pets. Na China, por exemplo, o número de pessoas que têm um pet aumentou 114% entre 2015 e 2020, segundo a consultoria McKinsey. Na Tailândia, este número foi de 23%. Ou seja, o mercado de produtos para os animais está em alta.

Quem sai em grupo, gasta mais. A pressão de consumir (ou a empolgação) são elementos intrínsecos da ida ao restaurante ou ao bar e, por isso, estabelecimentos passaram a impor medidas impopulares na retomada da vida social pós-covid: na Espanha e na Inglaterra, as casas passaram a cobrar mais por mesa quando se está só ou até a bloquear o uso de alguns espaços para lucrar. No Brasil, já há experiências curadas para os solitários.

Oportunidades surgem em outros segmentos. Chefs como a brasileira Rita Lobo e o inglês Jamie Oliver já lançaram livros com ideias de receitas e marmitas para quem cozinha apenas para si mesmo. Plataformas de delivery só crescem e restaurantes também lucram com a entrega para um. O aplicativo Uber se adaptou ao comportamento pós-pandêmico e incluiu a opção —em diferentes países, inclusive no Brasil— de viajar em silêncio. O motorista é alertado para não jogar conversa fora antes mesmo de o transporte começar.

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