O índice da Bolsa dos EUA que representa mais que o S&P 500 e mostra o temor com a recessão

há 7 horas 3

Os investidores que observaram a queda do S&P 500 esta semana estão avaliando vários cenários. A ameaça de tarifas empurrará a economia para uma recessão ou isso é simplesmente uma retração das empresas de tecnologia altamente valorizadas que alguns analistas e investidores argumentavam que estavam prestes a serem ajustadas?

Há um índice de ações diferente que está emitindo um sinal de alerta mais claro.

O Russell 2000 inclui empresas menores que são mais sensíveis aos caprichos da economia. Essas companhias tendem a operar com margens menores de lucro que podem ser mais facilmente corroídas em uma desaceleração, e têm menos alternativas do que as grandes empresas se enfrentarem problemas.

Após disparar para um novo recorde em novembro com o otimismo sobre as políticas pró-negócios gerado pela vitória de Donald Trump, o Russell 2000 despencou mais de 16%, quase o dobro do declínio do S&P 500 desde que atingiu um pico no mês passado.

Agora, o Russell 2000 parece estar prestes a se tornar o primeiro grande índice a voltar a um mercado em baixa, definido como uma queda de 20% ou mais em relação ao seu recente pico, desde a venda do mercado de ações em 2022.

"Se você quer um sinal claro de que o mercado está mais preocupado com a recessão do que com qualquer outra coisa, então olhe para o Russell", comentou David Kelly, estrategista-chefe de mercado da J.P. Morgan Asset Management.

Mudanças contínuas de política da administração sobre as tarifas de importação deixaram os investidores incertos sobre o que está por vir e como a economia pode ser afetada.

Mesmo que as tarifas sejam implantadas como prometidas por Trump, a incerteza neste intervalo ainda pode levar as empresas a frear contratações e reduzir gastos, desacelerando a economia.

E há sinais de que as empresas estão se cansando, com companhias aéreas alertando sobre a queda nas viagens aéreas, varejistas temerosas com o consumo e empresas alimentícias preocupadas com o aumento dos preços.

E não são apenas as tarifas que os investidores estão enfrentando. Uma série de demissões nos órgãos federais e uma parada abrupta em outros projetos de gastos do governo também correm o risco de impactar a economia.

"Já estamos vendo o impacto de uma redução nos gastos do governo, e a previsão é que isso continue", afirmou Kristina Hooper, estrategista-chefe de mercado global da Invesco.

A empresa de alimentos à base de plantas Beyond Meat, que faz parte do Russell 2000, alertou em seu último relatório financeiro que as tarifas, bem como as retaliações de outros países, poderiam levar ao aumentos de preços. A empresa também advertiu que poderia perder clientes no exterior devido ao "sentimento antiamericano".

Na terça-feira (11), a pesquisa mensal da Federação Nacional de Negócios Independentes sobre o otimismo das pequenas empresas caiu pelo segundo mês consecutivo, e a medida de incerteza do grupo subiu para um dos níveis mais altos já registrados.

Dois dias depois, o S&P 500 entrou em território de correção, definido como uma queda de 10% ou mais em relação ao pico recente de um índice. Mas os sinais vindos do S&P 500 podem não ser tão claros por sua composição.

O tamanho crescente do setor de tecnologia, liderado por empresas como Apple e Nvidia, significa que o índice é mais dependente dos altos e baixos desses gigantes do que de qualquer outro.

As ações dos Sete Magníficos —nome dado às sete grandes empresas de tecnologia que lideraram o mercado de ações nos últimos anos— agora representam aproximadamente 30% de todo o S&P 500.

A venda de ações das big techs nas últimas semanas provavelmente representa preocupações para o mercado mais amplo, disseram analistas, mas também pode ser parte da mudança de expectativas sobre o potencial de lucro da inteligência artificial, ou mesmo apenas um passo atrás após um aumento dramático nas avaliações nos últimos anos.

Esse aumento deixou o mercado "precificado para a perfeição", comentou Kelly, significando que cada empresa teria que ter os melhores resultados possíveis. "E isso não é perfeição", acrescentou.

O índice Russell 2000 não está excessivamente concentrado em um setor de empresas. A maior empresa do índice, Sprouts Farmers Market, representa apenas 0,5% do índice, enquanto a Apple, a maior ação do S&P 500, tem um peso de mais de 7%, muito mais do que as 10 principais ações do Russell 2000 combinadas.

Folha Mercado

Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.

Ajustar o S&P 500 para dar a cada ação o mesmo peso ilustra ainda mais o efeito das vendas que ocorreram nas big techs, levando à queda do índice este ano de mais de 6% para 2,6%.

Fazer o mesmo para o Russell 2000 muda apenas ligeiramente sua queda de aproximadamente 10,5% este ano. O setor de tecnologia nem é o maior no Russell 2000, com ações financeiras, industriais e de saúde compondo uma porção maior do índice.

O que isso significa é que o sinal vindo do Russell 2000 aponta mais claramente para preocupações mais amplas, e não só de de um setor de tecnologia supervalorizado que já estava preparado para um declínio, afirmaram os analistas.

O índice Russell 2000 também é mais focado domesticamente. Aproximadamente 30% das receitas do S&P 500 vêm de fora dos Estados Unidos, o dobro do Russell 2000. E os mercados de ações internacionais superaram confortavelmente as ações dos EUA até agora este ano.

"Acho que o que o Russell está nos dizendo é que há uma preocupação real com a economia", encerrou Hooper, apesar das declarações de Trump de negar o perigo de uma recessão nos EUA.

Leia o artigo completo