O câncer raro que levou mulher a remover oito órgãos durante tratamento

há 2 dias 1

Depois de ter oito órgãos removidos durante o tratamento contra um câncer raro, a britânica Faye Louise conseguiu retomar sua rotina de trabalho.

Faye conta que chegou a planejar seu próprio funeral após médicos descobrirem um tumor em seu apêndice em 2023.

A ex-modelo começou a sentir dores que inicialmente atribuiu aos sintomas de ciclos menstruais.

Mas um ultrassom revelou a presença de um cisto no ovário. Após uma cirurgia para tratar o problema, ela recebeu a notícia que estava com câncer, um tipo raro chamado de pseudomixoma peritoneal.

O quadro se trata de um tumor que causa o acúmulo de uma substância gelatinosa no abdômen.

Como o tumor havia se rompido, espalhando células cancerígenas pelo corpo, Faye precisou passar por uma cirurgia complexa que envolveu a remoção de oito órgãos.

A operação incluiu a retirada do baço, vesícula biliar, apêndice, ovários, útero, trompas de falópio, umbigo, omento maior e menor - que conectam o estômago e o duodeno a outros órgãos abdominais - além de parte do fígado. Também foi necessário realizar a raspagem do diafragma e da pelve.

No entanto, depois de enfrentar o que ela descreveu como "a mãe de todas as cirurgias", Faye recebeu a notícia de que estava livre do câncer e pôde voltar ao seu emprego como despachante de voos no Aeroporto de Gatwick.

"Ser informada de que não há mais sinais da doença foi o maior presente de Natal que eu poderia receber", declarou. Ela revelou que, no ano anterior, não tinha certeza se conseguiria trabalhar novamente.

"É um trabalho bastante físico, mas eu amo a aviação e estou muito feliz por estar de volta ao meu cargo", disse à BBC Radio Sussex.

Pseudomixoma peritoneal: o que é e como afeta o corpo

De acordo com o Cancer Research UK, organização de pesquisa sobre o câncer, pseudomixoma peritoneal (PMP) é um tipo muito raro de câncer que geralmente começa no apêndice, mas também pode surgir em outros órgãos, como intestino, ovários ou bexiga.

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Ele se forma quando um pequeno crescimento, chamado pólipo, atravessa a parede do apêndice (ou de outro órgão) e libera células que produzem um muco.

Esse muco se acumula no abdômen, formando uma substância com textura de gelatina - o que deu ao PMP o apelido de "barriga de gelatina".

Embora algumas vezes seja tratado como uma condição "benigna", é importante entender que o PMP é, de fato, uma forma de câncer.

Ele pode ter diferentes graus de agressividade: algumas vezes cresce lentamente, principalmente quando começa no apêndice, mas em outros casos pode ser mais agressivo e difícil de tratar, especialmente quando tem origem fora do apêndice.

Tumores que começam em outros locais, como os ovários, tendem a ter um comportamento mais agressivo e um prognóstico menos favorável.

O PMP é mais frequente em mulheres e, nesses casos, muitas vezes causa aumento progressivo do volume abdominal.

Por muito tempo, acreditava-se que, em mulheres, o PMP começava nos ovários. No entanto, estudos mostraram que, na maioria dos casos, o tumor primário é apendicular, e o comprometimento dos ovários acontece de forma secundária - ou seja, por células cancerígenas que se espalharam para lá.

Com o avanço das técnicas médicas, exames detalhados, como marcadores moleculares e imunohistoquímicos, têm confirmado que o PMP, mesmo quando afeta os ovários, geralmente se origina no apêndice ou em outras partes do trato intestinal.

Se detectado, o tratamento geralmente envolve cirurgia para remover o muco e, em alguns casos, órgãos afetados.

Faye continuará realizando exames anuais em novembro.

"Esperar pelos resultados infelizmente vai definir meus Natais para sempre, seja para o bem ou para o mal. Mas você precisa continuar lutando e nunca desistir", afirmou ela.

"Alguns dias foram de total desespero, mas, na maioria das vezes agora, tenho mais dias positivos do que negativos."

Desde então, Faye retornou ao trabalho e tem arrecadado fundos para a instituição Cancer Research UK em diferentes ocasiões - incluindo um evento no qual foi coberta por 15 litros de gosma laranja no jardim do pub Red Lyon, em Slinfold.

Além disso, ela também completou a corrida Race for Life no Stanmer Park, em Brighton, para contribuir com a causa da caridade.

Este texto foi publicado originalmente aqui.

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