Nvidia aposta em robótica e prevê oportunidade de 'multitrilhões de dólares'

O CEO da Nvidia, Jensen Huang, afirmou que a empresa está prestes a revolucionar a robótica através da inteligência artificial, o que pode render uma oportunidade de "multitrilhões de dólares".

Huang anunciou nesta segunda-feira (6) uma gama de novos produtos e parcerias no espaço de "IA física", incluindo modelos de IA para robôs humanoides e um grande acordo com a Toyota para usar a tecnologia de carros autônomos da Nvidia.

A empresa é uma das atrações da CES, feira que começou nesta semana em Las Vegas, e filas enormes se formaram do lado de fora do centro de convenções Mandalay Bay muito antes do início do discurso e Huang, com algumas pessoas ainda na fila quando o CEO subiu ao palco com uma versão brilhante de sua jaqueta de couro característica, brincando: "Afinal, estou em Las Vegas."

A Nvidia ultrapassou US$ 3 trilhões em valor de mercado impulsionada pela demanda por seus chips de IA, tornando-se uma das empresas mais valiosas do mundo.

Além dos chips, a Nvidia tem desenvolvido o software que permite às empresas treinar e implantar robôs, desde aqueles usados em fábricas inteligentes e armazéns até carros autônomos e humanoides, buscando expandir os casos de uso para IA rodando em seus chips.

Superar os desafios tecnológicos envolvidos na implantação de robôs em larga escala abrirá caminho para "a maior indústria de tecnologia que o mundo já viu", disse Huang.

A Nvidia afirmou que o campo da robótica atingiu um ponto de inflexão tecnológico, à medida que a IA acelerou e refinou o processo de simulação do mundo físico e geração das vastas quantidades de dados necessárias para treinar robôs. Nas próximas duas décadas, apenas o mercado de robôs humanoides deverá atingir US$ 38 bilhões (R$ 231,61 bilhões), segundo a empresa.

Na segunda-feira, a Nvidia anunciou um conjunto de modelos de IA fundamentais em sua nova plataforma Cosmos, que os desenvolvedores podem usar gratuitamente para gerar dados e construir seus próprios modelos.

A Nvidia disse que os modelos fundamentais, que foram treinados em 20 milhões de horas de dados de vídeo, eram um desenvolvimento tecnológico tão fundamental quanto os grandes modelos de linguagem que sustentam aplicativos como o ChatGPT da OpenAI. Ele se integra à plataforma Omniverse da Nvidia, que é usada para executar simulações do mundo físico.

"O que [esses modelos] estão fazendo pela linguagem, agora podemos fazer para entender o mundo físico", comentou Rev Lebaredian, vice-presidente da Nvidia para Omniverse e tecnologia de simulação, ao Financial Times. Embora os dados sobre o mundo físico sejam muito mais difíceis de coletar e processar do que texto, Lebaredian disse que "é uma parte necessária" da missão da empresa.

"A grande conclusão [do discurso de Huang na CES] é que este momento será especial", acrescentou. "Acho que este ano é um ponto de inflexão onde veremos essa aceleração da IA física e da robótica."

A plataforma Omniverse e a robótica atualmente representam uma pequena parte da receita total da empresa. Entre agosto e outubro de 2024, a "virtualização profissional" representou US$ 486 milhões (R$ 2,96 bilhões) em receita na Nvidia, enquanto automotivo e robótica totalizaram US$ 449 milhões (R$ 2,74 bilhões).

Isso é uma pequena parte das vendas totais, já que a empresa arrecadou US$ 30,8 bilhões (R$ 187,73 bilhões) em receita com a venda de chips para os data centers que alimentam modelos de IA no mesmo período.

A busca da Nvidia por novos mercados ocorre ao mesmo tempo que enfrenta uma maior pressão de seus maiores clientes, incluindo Amazon e Microsoft, que estão correndo para construir seus próprios chips de data center de IA internamente.

Analistas do Bank of America acreditam que a decisão da Nvidia de apostar na "IA física" é o "próximo passo lógico". "(O desafio significa) tornar os produtos confiáveis o suficiente, baratos o suficiente e difundidos o suficiente para gerar modelos de negócios credíveis", apontaram os analistas.

Na CES, a Nvidia também revelou uma coleção de modelos fundamentais para robôs humanoides, chamada "GR00T Blueprint", que, segundo a empresa, "turbinaria" o desenvolvimento de robôs, bem como novas ferramentas para desenvolver e testar frotas de robôs de fábrica e armazém e treinar veículos autônomos.

A Toyota anunciou que construiria sua próxima geração de veículos autônomos no hardware e software da Nvidia, conhecido como Drive AGX. O grupo de carros autônomos Aurora e o fabricante de peças automotivas Continental usarão o hardware e software da Nvidia para alimentar milhares de caminhões sem motorista sob suas parcerias estratégicas de longo prazo com a fabricante de chips.

A Nvidia disse que esperava que seu negócio automotivo se expandisse para US$ 6 bilhões no ano fiscal de 2026. Veículos autônomos "serão a primeira indústria de robótica de multitrilhões de dólares", disse Huang ao público da CES.

Separadamente, a Nvidia disse que lançaria um "supercomputador pessoal de IA" com seu mais recente e poderoso chip de IA, Blackwell, permitindo que pesquisadores e estudantes executem modelos de IA com bilhões de parâmetros localmente, em vez de através da nuvem. Ele estará disponível em maio por um preço inicial de US$ 3.000.