Número de jovens 'nem-nem' no Brasil cai 5,4%, mas desigualdades persistem

há 2 dias 1

"A crise escancarou a falta de estrutura de muitas famílias para o ensino remoto. Ainda estamos lidando com os atrasos desses anos, especialmente entre os mais pobres", declara Grynberg.

Volta por cima. Tanto a pandemia quanto uma gravidez foram fatores determinantes para a jovem indígena da etnia Wapixana Amélia Silva Lima, atualmente com 31 anos, ter parado de estudar e trabalhar. Aos 20 anos, ela ingressou na UFRR (Universidade Federal de Roraima), mas desistiu de estudar logo depois porque não tinha acesso a transporte até a universidade e nem possuía internet em casa.

Por ser indígena e morar na aldeia, tudo ficava mais difícil. Logo depois, em 2020, fiquei sem trabalho por causa de situações maiores. No fim, fiquei quase dois anos sem estudar nem trabalhar porque nesse período tive uma gravidez de alto risco. Tive de cuidar da saúde. Aí veio a pandemia. Eu me sentia inferior aos demais, sem apoio familiar e principalmente financeiro. Perguntava: 'será que algum dia serei alguém graduada com diploma?.
Amélia Silva Lima

Volta aos estudos. Com a ajuda do Grupo +Unidos, Amélia voltou a estudar e conseguiu um emprego. Atualmente, ela é aluna do IFRR (Instituto Federal de Roraima), onde estuda Letras com licenciatura em espanhol e também é aluna de inglês do Programa Access Amazon do Grupo +Unidos.

Tive oportunidade de ser professora de língua indígena wapixana no estado onde moro [RR]. Esse emprego me abriu a visão para continuar os estudos. Apesar das dificuldades e diferenças, eu consegui ter uma estabilidade financeira e familiar. No Grupo, foi onde tive mais oportunidades de estudos. Uma delas é participar de um intercâmbio na Universidade de San Diego, na Califórnia, Estados Unidos. Embarco em fevereiro, só depende de sair o visto.
Amélia Silva Lima

Soluções e caminhos

Especialistas apontam a necessidade de políticas públicas integradas e ações direcionadas para reverter as desigualdades. "É preciso investir em educação de qualidade, formação profissional e incentivos à contratação de jovens em situação de vulnerabilidade. Além disso, combater a discriminação racial e de gênero é essencial", afirma Iana Barenboim, cofundadora da Muva, organização voltada à inclusão produtiva.

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