Os estereótipos de idosos que preferem ficar em casa, fazendo tricô, assistindo à televisão ou vendo filmes estão sendo substituídos por uma nova realidade. Cada vez mais, essas pessoas optam por estilos de vida ativos e sociais: vão a festas, dançam, cantam, praticam esportes, saem para se divertir e viajam com amigos.
"Hoje nós temos velhices múltiplas, muito diversas. É um leque amplo para envelhecer, com muita mais liberdade do que as gerações passadas", afirma a antropóloga Mirian Goldenberg, em entrevista ao podcast Modo de Viver.
Essa pluralidade de experiências se torna ainda mais relevante no cenário de um Brasil que está envelhecendo rapidamente. Em 2023, a população com 60 anos ou mais já representava 15,6% dos brasileiros, e as projeções do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que, até 2070, esse número deve saltar para 37,8%.
O gerontólogo Alexandre Kalache, diretor do Centro Internacional de Longevidade no Brasil, disse em entrevista ao podcast Modo de Viver, que o envelhecimento trará impactos sociais e econômicos e isso exige novas formas de pensar o processo.
Segundo Kalache, é necessário repensar as políticas públicas relacionadas envelhecimento, para que os idosos sejam vistos como pessoas produtivas, que continuam contribuindo para suas famílias, comunidades e a economia, em vez de um "fardo" para a sociedade.
"É essencial focar em dois aspectos: saúde, para garantir vitalidade, e conhecimento, devido à revolução tecnológica que acompanha o aumento da longevidade", afirma. "Quem não se adaptar e aprender continuamente ficará para trás, o que pode levar a anos de infelicidade, já que aos 60 anos, muitos ainda têm um terço da vida pela frente".
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Para Goldenberg, o que também falta para os mais velhos é o diálogo. Ela relata que muitos idosos reclamam de se sentirem invisíveis e sozinhos. Primeiro porque seus amigos e familiares já faleceram e, segundo, porque os jovens estão sempre distraídos nos celulares.
"A única saída para uma boa velhice é muita escuta, muita atenção e muita conversa", afirma.
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