Depois de anunciar redução de salários, cortes de produção e possíveis demissões, a Nissan emite comunicado para confirmar que o pacote de medidas para sair da crise também incluirá mudanças na diretoria. A equipe executiva está sendo inteiramente reformulada e passará a contar não só importantes trocas de posição como também com nomes inéditos. A expectativa é criar uma operação bem mais enxuta e preparada para a nova realidade do mercado.
Para começar, o diretor financeiro Stephen Ma deixará o cargo atual para se tornar presidente do comitê de gestão para a China. O país é considerado crucial para os planos da Nissan e está se tornando cada vez mais desafiador para fabricantes estrangeiras. O executivo será encarregado de moldar a estratégia futura da marca na China e se reportará diretamente ao presidente executivo Makoto Uchida.
Já Jeremie Papin, atual presidente do comitê de gestão para as Américas, assumirá o posto de diretor financeiro no lugar de Stephen Ma. Sua vaga será preenchida por Christian Meunier, apontado como forte aposta da Nissan para sair da crise. O executivo já foi presidente global da Jeep entre 2019 e 2023 e membro do comitê executivo da Stellantis, com passagens por Estados Unidos, Canadá e Brasil.
Sua missão será ampliar as margens de lucro e recuperar as vendas em toda a região, especialmente nos EUA. Por lá, a Nissan perdeu espaço considerável nos últimos anos e hoje vende cerca de 300.000 veículos a menos do que vendia há uma década.
Entenda a crise na Nissan
No final do novembro, reportagem do jornal Financial Times revelou que a situação financeira da Nissan é bastante delicada e que a marca está em busca de novos parceiros para tentar sair da crise. A sobrevivência da empresa depende da adoção de medidas amargas a partir dos próximos meses (incluindo cortes e demissões) e, principalmente, da entrada de um novo investidor âncora no negócio para sustentar as operações daqui em diante.
De acordo com o jornal, dois altos executivos que preferiram não se identificar revelaram que a Nissan "tem 12 ou 14 meses para sobreviver” e que a situação “é muito difícil". Rumores indicam que a Honda, já parceria da Nissan no desenvolvimento de elétricos, poderá ser o tão esperado 'investidor âncora'. O ex-CEO Carlos Ghosn, inclusive, foi o primeiro a apontar que a aproximação entre as duas marcas no mercado de EVs guardava outros interesses por trás.
Frontier teve produção reduzida nos EUA
Os problemas financeiros da Nissan têm aumentado nos últimos meses devido à queda nas vendas em seus dois maiores mercados globais: China e Estados Unidos. Neste último, por exemplo, a capacidade de produção foi reduzida em 17% para acompanhar a retração. Em todo o mundo, a marca planeja demitir pelo menos 9.000 funcionários e reduzir o ritmo de fabricação em 20%. Além disso, anunciou recentemente que cortará parte dos salários de seus principais executivos.
A Renault, considerada parceira histórica da Nissan, reduziu sua participação na marca de 43,4% para menos de 36% no ano passado. O valor das ações da Nissan acumula queda de 36% nos últimos 12 meses.