Mudhoney, uma das bandas que inventou a sonoridade grunge, retorna ao Brasil

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"Acho que estamos à beira de uma guinada fascista. É muito sério." Quem diz isso não é um teórico do fim da democracia no século 21, mas o vocalista de uma influente banda do rock americano. À frente do Mudhoney, Mark Arm está bastante preocupado com os rumos dos Estados Unidos no início do segundo governo de Donald Trump. "As sirenes não estão piscando."

É uma visão condizente com as suas letras —no último disco da banda, de 2023, uma das músicas compostas por ele se chama "Flush the Fascists", dê a descarga nos fascistas. A canção pode estar no set que o Mudhoney, um dos grupos responsáveis por inventar a sonoridade grunge no fim dos anos 1980, apresentará em seus shows no Brasil.

Tocando pela sétima vez no país, uma das bandas preferidas de Kurt Cobain se apresenta em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, a partir do dia 21 de março. Por que o público tem sede de Mudhoney ao vivo, de novo e de novo? "O melhor seria perguntar para as pessoas que vão aos nossos shows. Somos só uma banda legal. Estamos muito felizes que elas queiram nos ver com tanta frequência", diz Arm, de gorro vermelho na cabeça, em conversa por vídeo.

Talvez o que justifique a devoção dos fãs seja a energia das guitarras barulhentas e levemente desleixadas do grupo, ou as letras debochadas carregadas de crítica social, ou tudo isso junto. Desde 1988, quando lançou o disco "Superfuzz Bigmuff", um clássico menos conhecido do grunge, o conjunto de Seattle vem criando álbuns que mantêm a qualidade sem desviar tanto da essência de seu som.

No último disco, "Plastic Eternity", a banda acrescentou sintetizadores e bongôs a seu rock, dando um toque mais experimental às canções, algumas das quais devem ser tocadas nos shows no Brasil. Mas não havia a intenção de soar diferente desta vez, conta o vocalista, adicionando que a banda foi para o estúdio, onde gravou o álbum em nove dias seguidos, e deixou as coisas acontecerem naturalmente.

Embora conte com uma base de fãs que não dá sinais de diminuir com o tempo, o Mudhoney nunca estourou como os seus conterrâneos Nirvana e Pearl Jam, que viraram a cara do som de Seattle. Mas o vocalista parece tranquilo com isso, e se mostra realizado com o tamanho de sua banda. "Nunca nos expomos à decepção dizendo que queremos ser estrelas do pop", ele afirma, ao ser questionado sobre o que motiva o conjunto a seguir ativo depois de quase quatro décadas.

Quando pensa no passado, Arm argumenta que o grunge era mais geográfico do que propriamente musical, isto é, embora as bandas do movimento fossem todas de rock, o que as ligava era o fato de terem origem em Seattle. Por mais que os membros do Mudhoney fossem amigos dos caras do Pearl Jam, não quer dizer que o grupo de Eddie Vedder fosse influenciado pelo Mudhoney, diz Arm.

Como testemunha da explosão do som de Seattle, responsável por fazer músicas com guitarras rasgadas desbancarem o pop de Michael Jackson e Madonna nas rádios no início dos anos 1990, Arm afirma que, enquanto vivia aquela revolução cultural, não tinha consciência de sua importância . "Sinto que éramos parte de um contínuo de coisas que já estavam acontecendo."

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