Mostras gratuitas exibem filmes centenários em 16 mm em SP

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Em tempos em a projeção digital reina nas salas de cinema, assistir a filmes de forma analógica é uma viagem no tempo e na própria história da sétima arte. Pois é o que propõem duas mostras em São Paulo que exibirão gratuitamente filmes em película 16 mm, a maioria completando cem anos em 2025.

A programação acontece entre o final de março e o início de abril na Biblioteca Mário de Andrade e no Centro Cultural São Paulo. Serão exibidos clássicos centenários de Charles Chaplin, Buster Keaton, Fritz Lang, F.W. Murnau e Serguei Eisenstein e raridades como "Paris Adormecida" (1925), de René Clair.

As mostras serão realizadas em parceria com a produtora Cine 16, de Piracicaba (SP), que possui um acervo de cerca de 400 filmes em 16 mm, 8 mm, 35 mm e Super 8. "Buscamos homenagear o autêntico 'visual de filme', uma estética intimamente ligada à identidade original do cinema", diz Alex Zen, um de seus fundadores.

Muito anterior a videocassetes e streaming, a chamada bitola 16 mm foi criada em 1923 pela Kodak, que já havia popularizado a fotografia, com o objetivo de levar o cinema para as casas dos espectadores. A empresa vendia um pacote com projetor, filmadora e tela.

"O formato também foi importante para o cineclubismo. No período após a Segunda Guerra Mundial, houve a ascensão dos cineclubes, que formaram cineastas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Neles, eram exibidas cópias em 35 mm, mas também em 16 mm, pela praticidade. As latas e o projetor são menores", afirma Donny Correia, crítico e professor de cinema do Centro Universitário Belas Artes.

Correia vai participar do primeiro dia da mostra na Mário de Andrade, em 26 de março. Após a exibição de "Paris Adormecida", de René Clair, vai conversar com o público. "A obra é um exemplo do movimento surgido na França, após a Primeira Guerra Mundial, entre diretores que pregavam um cinema de autor em oposição ao caráter industrial de Hollywood", diz.

A escolha da biblioteca, que completa cem anos neste ano, não foi à toa. O escritor Mário de Andrade tinha estreita ligação com o cinema. "Ele foi um dos precursores da crítica cinematográfica no Brasil. Escrevia sobre o tema na revista Klaxon, porta-voz dos modernistas", afirma Correia. "Ele também foi pioneiro em pensar o cinema como uma obra de arte no Brasil."

Ainda estão na programação da Mário de Andrade "Em Busca do Ouro" (1925), de Charle Chaplin, "Sete Oportunidades" (1925), de Buster Keaton, e o "O Fantasma da Ópera" (1925), este em formato digital e com a trilha sonora ao vivo interpretada pelo pianista Paulinho Leme.

Centro Cultural São Paulo

A programação no Centro Cultural São Paulo, que começa em dia 25 de março, reserva mais preciosidades. Como "A Mulher na Lua" (1925), ficção científica dirigida por Fritz Lang em 1929, "A Última Gargalhada" (1924), de F.W. Murnau, e "A Greve" (1925), de Serguei Eisenstein.

Outros títulos clássicos, embora não centenários, também serão exibidos. É o caso de "Os Girassóis da Rússia" (1970), dirigido por Vittorio De Sica, "Uma Rua Chamada Pecado" (1951), de Elia Kazan, e "Horizonte Perdido" (1937), de Frank Capra.

Mostras '100 Anos de Filmes'

Biblioteca Mário de Andrade
de 26 a 29 de março (retirada de ingressos uma hora antes da sessão)
Programação completa: @vivaofilme

Centro Cultural São Paulo
Sala Lima Barreto
de 25 de março a 2 de abril (retirada de ingressos uma hora antes da sessão)
Programação completa: centrocultural.sp.gov.br/100-anos-de-filme/

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