Dois mineiros, Antonio Araujo (nascido em Uberaba) e Guilherme Marques (de Belo Horizonte), bolaram 11 anos atrás um plano ousado e trabalhoso: transformar a cidade, durante alguns dias, na capital mundial do teatro. Foi assim que, em 2014, estreou a MITsp, Mostra Internacional de Teatro de São Paulo.
Antonio e Guilherme seguem insistindo, com paixão e paciência, na tarefa de fazer a MITsp acontecer. É uma vitória alcançar a décima edição, que vai de 14 a 23 de março.
"O teatro é uma arte efêmera, cada espetáculo acontece e termina ali", diz Antonio, diretor artístico, que relaciona a efemeridade de uma peça teatral à dificuldade de recomeçar a mostra praticamente do zero a cada edição. Os obstáculos são sempre os mesmos: ausência de políticas públicas perenes que assegurem a continuidade do festival e a eterna busca por apoiadores e parceiros.
"Neste ano, apesar da celebração dos dez anos, tivemos de reduzir a programação. De 15 espetáculos estrangeiros pré-selecionados, 4 irão se apresentar", diz Guilherme, diretor de produção.
"Foi muito duro fazer esse corte, o desenho curatorial vai se desmanchando, abrimos mão de espetáculos que discutem coisas importantes para nós brasileiros", diz Antonio. "Porém, os quatro trabalhos que ficaram são excepcionais."
Os organizadores privilegiam espetáculos contemporâneos, que fazem uma crônica do seu tempo. "O teatro faz mais sentido quando tenta entender esse mundo de pernas para o ar em que a gente está vivendo", diz Antonio.
Alguns participantes, como a coreógrafa e performer Nora Chipaumire, do Zimbábue, vem à MITsp pela primeira vez. O francês Mohamed El Khatib, de "A Vida Secreta dos Velhos", retorna pela terceira vez.
O goiano João Turchi, do Grupo Mexa, volta pela segunda vez, agora com "A Última Ceia", que desembarcou em São Paulo depois de uma turnê internacional. "Estreamos num festival de Bruxelas (Bélgica). De lá passamos por Basel (Suíça), Braunschweig e Berlim (Alemanha)", conta João.
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"Nosso grupo nunca tinha feito nada fora do Brasil. A vida internacional do Mexa começa por conta da participação na MITsp em 2020. É bacana apresentar agora esse trabalho, que de alguma forma é desdobramento do anterior." Uma coisa a dupla já conseguiu: fazer da MITsp uma plataforma de lançamento internacional.