Messias Antonio Coelho, fundador do Sebo do Messias, um dos mais tradicionais de São Paulo, morreu nesta quinta-feira (19) aos 83 anos, de insuficiência cardíaca.
Ele dava o nome ao estabelecimento que há 55 anos trazia mais do que livros à capital. Localizado nas costas da catedral da Sé, o Sebo do Messias vendia também discos, jogos, quadros, mapas e toca-fitas em um espaço que se tornou cultural e histórico.
"Messias não era apenas o criador deste espaço; ele era um amigo, um sonhador, um lutador. Um homem que, com seu amor pelos livros e sua determinação, construiu não só um sebo, mas um lugar onde histórias e pessoas se encontravam", escreveu a equipe do Sebo nas redes sociais.
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Messias nasceu em Guanhães, Minas Gerais, e começou a trabalhar aos sete anos na roça com a família. Aos 18, deixou o campo para tentar a vida em Belo Horizonte. Lá, atuou como atendente de botequim antes de migrar para São Paulo, em 1964, onde iniciou como ajudante de garçom no famoso restaurante Don Fabrizio, da família Tatini.
Em 1967, casou-se e começou a vender livros de porta em porta a convite do sogro. Até que um de seus clientes morreu e ele aceitou a oferta de comprar a biblioteca que ele deixou, que tinha em torno de 5.000 títulos. Com o acervo em crescimento, Messias abriu um pequeno depósito na praça João Mendes, que rapidamente se tornou um sebo de destaque.
No final de 1969, o Sebo do Messias foi inaugurado como loja. Ao longo dos anos, chegou a empregar 70 pessoas de uma só vez e abrir algumas filiais na capital paulista, que fecharam depois, e expandir as vendas para a internet.
Messias se consolidou como referência no comércio de livros usados em São Paulo e trabalhou por 30 anos sem tirar férias. Só parou durante a pandemia, quando foi obrigado a ficar em casa.
"Eu só trabalho, penso 100% do tempo na loja", contou ele em entrevista à Folha em 2021. "Quero trabalhar até os 99 anos. Depois eu descanso."