O PSOL divulgou uma nota nesta sexta-feira (2) em que afirma que "é justa a cobrança" por mais transparência nas eleições venezuelanas. O partido diz apoiar a posição dos governos do Brasil, do México e da Colômbia, que assinaram um documento em conjunto em que pedem divulgação das atas eleitorais e uma verificação imparcial dos resultados.
O PSOL condena os embargos econômicos contra o país comandado pelo ditador Nicolás Maduro, no que a sigla chama de "ingerência estrangeira". "O bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos e seus aliados à Venezuela teve como principal vítima o povo pobre, privado do acesso a bens e serviços fundamentais",afirma a sigla.
E segue: "A proposta de assegurar um acompanhamento internacional independente é justa. Qualquer medida que possa contribuir para legitimar uma saída que respeite a vontade e a soberania popular e a institucionalidade do país barrando as ameaças golpistas —sempre sustentadas pela direita venezuelana— contará com nosso apoio".
Por fim, o partido diz que a América Latina apenas alcançará a paz "com a superação do impasse na Venezuela".
O posicionamento do PSOL ocorre três dias após a executiva nacional do PT divulgar uma nota em que afirma que a eleição foi "democrática e soberana".
Maduro foi declarado eleito pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) em um comunicado geral que afirma que apenas 80% dos votos foram computados. O órgão atribui 51,2% dos votos a Maduro, e 44,2% para o opositor Edmundo González.
Nenhum dado desagregado por estado, município, centro de votação ou mesa de votação foi liberado, o que contradiz o regramento eleitoral. O Carter Center, um dos poucos e o mais importante observador eleitoral independente nas eleições venezuelanas, afirmou que o processo não pode ser considerado democrático.
No texto divulgado por Brasil, México e Colômbia na quinta (1º), os países pedem "máxima cautela e contenção" para evitar a "escalada de episódios violentos" no país, onde mais de mil pessoas já foram presas e ao menos 11 morreram em confrontos com as forças de segurança.
"Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação", diz o comunicado.
"As controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional. O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados", afirmou ainda.
Veja, abaixo, a íntegra da nota do PSOL:
"1. O Partido Socialismo e Liberdade manifesta apoio à posição divulgada nesta quinta-feira, 1º de agosto, pelos governos do Brasil, Colômbia e México. Diante das incertezas que rondam o processo eleitoral venezuelano, é justa a cobrança por mais transparência endereçada às instituições eleitorais daquele país
2. O bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos e seus aliados à Venezuela teve como principal vítima o povo pobre, privado do acesso a bens e serviços fundamentais. Por isso política de embargos econômicos e a ingerência estrangeira deve sempre ser condenada.
3. A proposta de assegurar um acompanhamento internacional independente é justa. Qualquer medida que possa contribuir para legitimar uma saída que respeite a vontade e a soberania popular e a institucionalidade do país barrando as ameaças golpistas - sempre sustentadas pela direita venezuelana - contará com nosso apoio.
4. A América Latina quer e precisa de paz, justiça social, democracia e um projeto de integração soberana e independente. E isso só pode acontecer com a superação do impasse na Venezuela. O PSOL seguirá trabalhando nessa direção".
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH