Mercado precifica mal a manutenção da Selic? Saiba o que esperar se o BC surpreender

há 4 meses 20

A confirmação da indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central retira um certo nível de incerteza do mercado, por mais que esse anúncio fosse mais do que esperado. Agora, para setembro, outra decisão é aguardada ansiosamente: o Copom vai subir ou manter os juros?

Para boa parte do mercado, a resposta é sim. Os contratos de Opção de Copom negociados na B3, por exemplo, mostram probabilidade de 71,50% de aperto monetário, com 43% apostando em alta de 0,25 ponto percentual e 26,38% precificando crescimento de 0,50 ponto percentual. Mas e se Copom pegar a contramão do mercado e decidir manter a taxa Selic estável? 

Analistas projetam, neste cenário de manutenção da taxa Selic, que a curva de juros deve ter abertura nos vértices curtos e longos. Há quem diga, inclusive, que a chance de manutenção está mal precificada e esse cenário pode atrapalhar os planos de quem já opera considerando apenas o cenário de aperto monetário. 

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Para Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, a chance de manutenção vem caindo nos últimos meses, mas ainda é de 50%. “Há, sim, grandes chances de um novo aumento na Selic, mas a decisão vai depender dos próximos dados econômicos no Brasil”, argumenta. 

O que acontecerá?

As consequências de um BC indo contra a maioria do mercado devem ser ruins, com o mercado pedindo mais prêmio para investir e, portanto, taxas mais altas na renda fixa. Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments, projeta que “pode surgir uma preocupação sobre a credibilidade da autoridade monetária”.

Nesse cenário, os investidores poderiam interpretar que a autarquia será leniente com a inflação. Restaria conhecer a magnitude da alta nos juros futuros. Hoje, os contratos futuros de DI precificam juro médio em 11,64% até 2035 e 10,74% no fim deste ano.

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Mesmo que o mercado jogue essa estimativa para cima, não há muito espaço para crescimento, segundo Redivo: “a inflação implícita precificada na curva já reflete uma postura conservadora em relação aos dados, o mercado parece ter incorporado uma dose de cautela”. Ou seja, o impacto seria negativo, mas controlado.

Reações

Mas apenas a decisão não será suficiente para que os agentes escolham uma narrativa. Yuri Alves, economista da Guide Investimentos, explica que o mercado pode reagir bem mesmo à manutenção da Selic: “o Copom ainda pode sinalizar alta para a próxima reunião, o tom do comunicado e indicação dos próximos passos serão fundamentais”. 

Alves diz que a “decisão de setembro será pesada”, argumentando que a reunião vai ditar os rumos do mercado daqui para frente. E a reação da curva de juros depende não apenas da manutenção ou alta da Selic, mas do direcionamento que o BC dará para as próximas reuniões. 

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O especialista da Guide admite que uma inclinação da curva mesmo com Selic mais baixa pode ser “contraintuitiva”, mas explica que a estabilidade dos juros agora significa a necessidade de aumentar no futuro, o que pode ser pior para a economia do País. Por outro lado, aumentar a taxa daria mais tranquilidade ao BC e passaria uma mensagem de compromisso com o combate à inflação. 

E o que fazer?

Por enquanto, com a chance de manutenção mal precificada ou não, os especialistas recomendam cautela ao investir. O radar deles tem dados importantes, como o CPI (índice de inflação ao consumidor) e payroll (relatório de emprego) nos Estados Unidos e, por aqui, IPCA de agosto e relatório de emprego de julho.

Os bancos centrais dos dois países mostraram que vão considerar todos os dados de atividade econômica e inflação antes de tomar decisões. 

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