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Menos chuva…
A estiagem recorde pela qual o Brasil passa começou a gerar reflexos na economia. O impacto já era sentido na agropecuária há alguns meses, mas agora começa a se alastrar.
↳ O setor de logística e transporte acendeu o alerta nas regiões em que o escoamento depende dos rios, como o Norte. Podem faltar produtos em Manaus e outras cidades.
↳ Ao mesmo tempo, a conta de luz deve subir em todo o país, com o acionamento das usinas térmicas para compensar hidrelétricas quase secas. O resultado será inflação.
Recorde. O Brasil enfrenta a pior seca já registrada desde o início da atual série histórica, em 1950. Neste ano, a falta de chuvas se estende por 58% do território nacional.
Parte dos cientistas considera a estiagem deste ano uma continuação da registrada em 2023, quando rios praticamente desapareceram no Norte.
Alerta. O rio Amazonas, que banha a cidade de Manaus, deve ficar inavegável para navios já na próxima semana, e a projeção é de agravamento em setembro.
A população tem estocado comida, enquanto lida também com a fuligem das queimadas no ar. Também falta água potável. Os incêndios em agosto atingiram o maior nível em 14 anos, e nove em cada dez aldeias indígenas enfrentam dificuldades.
↳ Uma estrutura logística foi montada para que as indústrias da Zona Franca de Manaus e a população não sofram com o desabastecimento, mas o governo admite que os preços podem aumentar.
↳ Os rios Negro, Solimões e Amazonas estão próximos da mínima histórica, atingida em 2023.
Energia mais cara. Hidrelétricas de todo o país sentem a falta de chuvas, tanto no Norte quanto no Centro-Sul, onde se concentra a maioria das usinas.
Para compensar a geração mais fraca de energia, as usinas térmicas serão acionadas, e o preço da conta de luz aumentará. As térmicas são mais caras e mais poluidoras.
↳ O inverno é tradicionalmente mais seco em estados como Paraná, São Paulo e Minas Gerais, mas desta vez está pior.
↳ O impacto da estiagem na Amazônia é sentido diretamente devido à diminuição da transferência de umidade pelos chamados "rios voadores".
Agro menos produtivo. Em São Paulo, uma série de queimadas no último mês evidenciou como a agropecuária é diretamente impactada pelo tempo seco.
O prejuízo estimado pelo dano causado pelo fogo é de R$ 2 bilhões para o agronegócio do estado. O impacto foi principalmente sobre as plantações de cana-de-açúcar, segundo o secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado.
↳ Os incêndios atingiram 480 mil hectares em 8.049 propriedades rurais.
O que explica os cenários extremos: a falta de chuvas sobre a amazônia é resultado da redução da sua área de cobertura vegetal, causada pelo desmatamento.
Outro fator é o próprio aquecimento da atmosfera nas últimas décadas, que diminui a umidade do ar e gera tempestades fora do padrão.
.. menos PIB
Bráulio Borges, economista pesquisador da FGV e novo colunista da Folha, aponta que a falta de chuvas nos últimos anos está afetando o crescimento da economia brasileira.
Ele estima que a anomalia de chuvas no Brasil desde 2012 subtraiu entre 0,8 e 1,6 ponto percentual ao ano do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Isso significa que a economia poderia ter crescido ao redor de 4% no ano passado, mas cresceu 2,9%.
↳ Uma das explicações é a desaceleração da produtividade da agropecuária devido à falta de chuvas e ao custo elevado da energia elétrica, que afeta principalmente a indústria.
↳ Apesar do bom desempenho do PIB total no último trimestre, a agropecuária recuou. Soja e milho estão produzindo menos nos últimos meses.
Impactos globais. Um estudo recente aponta que um aumento de 3°C na temperatura global pode reduzir pela metade o crescimento do PIB dos países até 2100.
Preços. Safras mais fracas tendem a elevar o custo dos alimentos nos próximos anos, pressionando a inflação e, eventualmente, as taxas de juros.
Outro fator de pressão sobre as finanças da população são os preços dos seguros e da logística, que enfrenta problemas, como na Amazônia.
Um representante do setor de logística afirmou à Folha que o risco climático está fora dos modelos preditivos das empresas e seguradoras. "A economia segue crescendo, mas o risco climático está encarecendo a cadeia de suprimentos, o que tem a ver com a falta de planejamento", disse Mario Veraldo, CEO da empresa de logística MTM Logix.
↳ Pesquisa da PwC feita com 589 líderes do setor aponta que as mudanças climáticas são o terceiro maior risco para as seguradoras.
↳ Segundo a multinacional de análise de dados Aon, desastres naturais custaram US$ 380 bilhões para a economia mundial em 2023, mas apenas 30% estavam cobertos.
NFL busca o bolso do brasileiro
A NFL, liga de futebol americano dos EUA, dá um passo importante na sua expansão global com a realização de seu primeiro jogo de temporada regular no Brasil.
O confronto entre os times Philadelphia Eagles e Green Bay Packers acontece nesta sexta-feira (6), às 21h15 (horário de Brasília), na Neo Química Arena, em São Paulo.
↳ A transmissão será pela RedeTV, ESPN, Disney + CazéTV.
Impactos. O duelo deve atrair 46 mil espectadores e gerar R$ 337 milhões para a economia da cidade em uma semana. O show da cantora Anitta reforçou o peso do evento no calendário de eventos da cidade.
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O evento deve criar 5.000 empregos diretos e indiretos.
- O dinheiro movimentado pelo futebol americano somará US$ 27,2 bilhões (R$ 151,5 bilhões) no mundo em 2024, de acordo com a Statista. Grande parte dentro dos Estados Unidos.
- O valor é a soma dos direitos de transmissão pagos por canais, publicidade de marcas e ingressos vendidos.
Mercado em expansão. O Brasil já tem 38 milhões de fãs de futebol americano, consolidando-se como o terceiro maior mercado da liga fora dos EUA. Em 2015, eram 3 milhões. A liga decidiu abrir um escritório por aqui, o que reforça a estratégia de expansão.
Esse avanço rápido colocou São Paulo no seleto grupo de cidades como Londres, Munique, Cidade do México e Toronto, que já receberam partidas da liga fora dos EUA. Em 2025, Madri será a próxima sede internacional da NFL.
O mercado brasileiro se consolidou como um mercado estratégico para ligas esportivas americanas. A NBA, de basquete, por exemplo, tem no país seu segundo maior mercado internacional, atrás apenas da China.