‘O cinema espanhol fica sem uma de suas atrizes mais icônicas, que deixa para trás uma longa carreira na qual o público pôde assisti-la mais de 75 vezes na grande tela’, afirmou a Academia Espanhola de Cinema
GABRIEL BOUYS / AFP
Premiada com o Goya pelo conjunto de sua carreira em 2018, Marisa Paredes também participou de produções internacionais como "A Vida é Bela"
A atriz espanhola Marisa Paredes, com uma carreira longa e aclamada, que incluiu vários filmes com o diretor Pedro Almodóvar, morreu aos 78 anos, informou nesta terça-feira (17) a Academia Espanhola de Cinema. “O cinema espanhol fica sem uma de suas atrizes mais icônicas, Marisa Paredes, que deixa para trás uma longa carreira na qual o público pôde assisti-la mais de 75 vezes na grande tela”, afirmou a Academia Espanhola de Cinema em sua conta na rede social X.
Com uma trajetória prolífica construída desde sua estreia aos 14 anos, Paredes foi uma das grandes atrizes da Espanha, onde chegou a presidir a Academia de Cinema entre 2000 e 2003. Sua carreira alcançou uma nova dimensão após sua primeira colaboração, em 1983, com o diretor Pedro Almodóvar, com quem estabeleceria uma grande parceria a partir de sua participação em “Maus Hábitos”. Os dois também trabalharam juntos em “De Salto Alto”, “A Flor do Meu Segredo”, “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Fale com Ela” e “A Pele que Habito”.
Premiada com o Goya pelo conjunto de sua carreira em 2018, Marisa Paredes também participou de produções internacionais como “A Vida é Bela”, do italiano Roberto Benigni, ou “O espinhaço do diabo”, do mexicano Guillermo del Toro. “Desolado com a notícia do falecimento de Marisa Paredes, uma das atrizes mais importantes que o nosso país já teve”, escreveu o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, em sua conta no X. “Sua presença no cinema e no teatro e seu compromisso com a democracia serão um exemplo para as gerações posteriores”, acrescentou sobre a trajetória da artista, muito envolvida em causas progressistas.
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Nascida em 1946 na Madri pós-guerra civil, a quarta filha de uma família humilde conseguiu convencer seus pais a deixá-la ser atriz depois de passar muitas horas diante dos teatros para observar os atores e esperar por uma oportunidade. “Minha vocação nasce comigo (…) mas teve muito a ver com o bairro onde eu morava”, explicou em uma entrevista na Academia Espanhola de Cinema, em referência à infância em uma praça central de Madri, próxima de um teatro. “Marisa depositou absoluta confiança em mim e me deu tudo”, declarou Almodóvar em uma entrevista ao jornal francês Libération em 1995.
A carreira da atriz não se limitou, no entanto, à parceria com Almodóvar. Ela também trabalhou com diretores como Agustí Villaronga e Arturo Ripstein. De seu casamento com o cineasta Antonio Isasi-Isasmendi nasceu sua filha, a também atriz María Isasi. Além de sua prolífica carreira artística, Paredes nunca escondeu sua ideologia progressista e feminista, com envolvimento em diversas causas. Ela presidia a Academia de Cinema durante a premiação do Goya de 2003, marcada por protestos contra o apoio da Espanha à guerra no Iraque.
Publicado por Luisa Cardoso
*Com informações da AFP