Em visita nesta terça-feira (15) à obra da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi cobrado por um policial ferroviário federal sobre promessa feita à categoria em 2009.
Quando Lula já se encaminhava para o final do seu discurso no palco montado para marcar a visita, Isaias Nascimento Cardoso, que se apresenta como diretor da Federação da Polícia Ferroviária, se aproximou do presidente e falou por alguns minutos, sem microfone.
Lula ouviu Cardoso, disse que pegaria um vídeo mencionado por ele, e respondeu: "Eu acho que este companheiro levantou um tema fundamental. O Brasil não precisa apenas de rodovias. Precisa de ferrovias. E precisa recuperar a sua cabotagem. Porque a gente precisa de transporte marítimo, rodoviário e ferroviário. É esta combinação intermodal que vai permitir que o nosso país dê um salto de qualidade".
Cardoso, que diz ter começado a atuar na rede ferroviária em 1983, afirma que atualmente há cerca de 1.800 agentes ligados à corporação. Segundo ele, o grupo não pode atuar por falta de regulamentação.
No vídeo, que Cardoso também mostrou a jornalistas após a cerimônia, Lula aparece discursando sobre o assunto em seu segundo mandato. "Queria dizer aos companheiros da Polícia Ferroviária Federal que já tem muita coisa acertada no Ministério da Justiça, na Advocacia Geral da União, faltam apenas alguns detalhes no Ministério do Planejamento para a gente legalizar definitivamente a vida da nossa Polícia Ferroviária. Até porque nós estamos recuperando a ferrovia neste país", disse Lula, na ocasião.
"Porque esse país não pode continuar pagando preço de desmontar todo um sistema ferroviário que a gente tinha, substituindo por caminhões e automóveis. Hoje nós aprendemos que a gente pode ter caminhão, pode ter automóvel, mas o trem é o meio de transporte seguro, mais barato e economicamente mais rentável", continuou Lula, no vídeo antigo.
Folha Mercado
Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.
Após a cerimônia, Cardoso afirmou à Folha que não houve investimentos em ferrovias. "Fomos esquecidos."
A visita de Lula, junto a ministros, aconteceu na região da Serra das Araras, na altura de Paracambi (RJ).
Segundo o governo federal, o trecho da rodovia em reforma tem investimento federal de R$ 1,5 bilhão. Os recursos foram captados via BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
A obra começou em abril de 2024 e 25% dela está concluída. O trecho de subida —sentido São Paulo— está previsto para ser finalizado em 2028. A descida —sentido Rio de Janeiro— tem previsão de conclusão para 2029.
As novas pistas terão quatro faixas por sentido, acostamento e uma faixa de segurança, além de duas rampas de escape. Estão previstas ainda 93 contenções, oito pontos de ônibus, três passarelas e melhorias em 14 pontos de acesso, além da implantação de uma via marginal na pista sul, sentido São Paulo.
A obra está sendo executada pela CCR. Durante a cerimônia desta terça, o presidente do grupo empresarial, Miguel Setas, destacou que se trata do último evento da CCR com o nome atual —a marca mudará para "Motiva" a partir da próxima semana.
Durante discursos nesta terça, Lula e ministros voltaram a fazer comparações com o governo anterior, exaltando números da atual gestão. "Nesses 2 anos e 4 meses já fizemos mais coisas do que nos últimos 7 anos", disse o presidente.
"A economia voltou a crescer. O salário mínimo voltou a crescer acima da inflação, a massa salarial voltou a crescer. A gente está tratando melhor os microempreendedores. A gente está fazendo mais crédito do que em qualquer outro momento da história do Brasil, porque para o país crescer é preciso que o dinheiro circule na mão da pessoa", continuou Lula.
Renan Filho, ministro dos Transportes, afirmou que a previsão é realizar 15 novos leilões de concessões rodoviárias neste ano. "Governo anterior fez seis leilões de concessões em 4 anos. O governo Lula fez 10 leilões em 2 anos e 4 meses", comparou ele.