Livro 'Territórios Clínicos' é resultado de projeto que leva a psicanálise às periferias

Levar a psicanálise aos moradores das periferias de São Paulo foi a motivação do projeto Territórios Clínicos, da Fundação Tide Setubal, que resultou no livro de mesmo nome que será lançado neste sábado (19), a partir das 16h, na livraria Megafauna do edifício Copan, na região central da cidade.

A obra é organizada Tide Setubal, psicóloga, psicanalista e conselheira da fundação, Viviane Soranso, Laís Guizelini e Fernanda Almeida, com prefácio de Maria Lúcia da Silva e Noemi Moritz Kon.

O projeto começou em 2020, quando entidade abriu um edital e fez um processo seletivo que definiu sete coletivos: Casa de Marias, Rede Sur, Perifanálise, Margens Clínicas, Instituto Amma Psique e Negritude, Roda Terapêutica das Pretas e Veredas.

Cada um desses grupos recebeu R$ 100 mil para investir em formação profissional de psicanálise, produção de conhecimento e atendimento clínico individual ou coletivo de populações periféricas.

Essa primeira turma atuou em diferentes regiões da capital paulista em 2021 e 2022. Os resultados foram apresentados no seminário Territórios Clínicos, realizado no auditório da USP Leste, no dia 15 de abril de 2023, que serviu como base do livro lançado neste sábado.

"A saúde mental, especialmente a psicanálise, é muitas vezes feita e pensada no consultório para a classe média, no divã. Poder democratizar a saúde mental, ir para os territórios e fazer experiências diversas, de atendimento em grupo, individual, dentro de salas, de instituições públicas, de equipamentos públicos, até nas portas de creches com as mães, foi uma experiência muito importante", afirma Tide Setubal.

Para a psicanalista Ana Carolina Barros Silva, diretora da Casa de Marias, a iniciativa foi uma oportunidade para organizar a administração e a estrutura do coletivo, que atende principalmente mulheres negras em condições de vulnerabilidade na zona leste de São Paulo.

"Conseguimos garantir o atendimento psicológico durante a pandemia da Covid, que agravou condições já existentes", diz Barros Silva.

O projeto deu tão certo que a Fundação Tide Setubal, desta vez em parceria com a Fundação José Luiz Egydio Setubal, abriu um novo edital em 2023 e selecionou dez coletivos que serão apoiados com R$ 150 mil cada um. Essa segunda turma já está em atuação neste ano e os trabalhos continuam até 2025.