Maior empresa de energia renovável do Oriente Médio, a Masdar planeja aumentar sua capacidade de energia eólica e solar para 100 gigawatts até o final da década, o que equivaleria à geração total de energia do Reino Unido.
Caso alcance a meta, o grupo se tornará uma das maiores empresas de energia renovável do mundo, com mais capacidade do que as rivais Iberdrola (Espanha), Engie (França) e RWE (Alemanha).
A companhia sediada em Abu Dhabi planeja continuar ainda com os seus investimentos globais. O grupo já anunciou neste ano quase 6,5 bilhões de euros (R$ 40,9 bilhões) em negócios na Espanha e na Grécia.
Nos EUA, fechou um acordo para adquirir a Terra-Gen, uma das maiores empresas de energia renovável do país. No Reino Unido, possui uma participação de 49% no projeto Dogger Bank South de 11 bilhões de libras (R$ 81,42 bilhões), que será um dos maiores parques eólicos offshore do mundo quando a construção for concluída.
Mohamed Jameel Al Ramahi, diretor executivo, afirmou que a Masdar continuará a investir no Oriente Médio, Europa e EUA, que é o segundo maior mercado de energia renovável do mundo depois da China.
"Até 2030, o Oriente Médio provavelmente será de 30 a 35% da nossa energia. A Europa, eu diria 20%. Também 20 a 25% nos EUA, e então, claro, a Ásia. Essa é a distribuição em termos de geografia", afirmou Al Ramahi em entrevista ao Financial Times.
Ele acrescentou que o grupo busca uma divisão igual entre projetos de energia solar e eólica. Embora os projetos de energia renovável na Europa sejam cotados a um prêmio, Al Ramahi disse que a Masdar investirá onde quer que os mercados de energia estejam abertos e receptivos a investimentos estrangeiros diretos.
"Quando olho para o meu crescimento e minha meta, se quero atingir 100 GW, não posso ignorar a Europa e não posso ignorar os EUA", avaliou.
A empresa italiana Enel tem uma meta de 154 GW de energia renovável no mesmo período que a Masdar, mas recentemente iniciou um programa de venda de ativos para reduzir sua dívida.
Com suas aquisições este ano, a Masdar se concentrou em adquirir, além de ativos, equipes experientes nos EUA e na Espanha, com a intenção de construir plataformas regionais. "Mais importante do que o tamanho, é a equipe", disse Al Ramahi, referindo-se ao acordo com a Terra-Gen.
Ele observou que a concorrência aumentou no setor de renováveis à medida que várias empresas de fundos de investimento entraram nos últimos anos. "Vejo isso como muito positivo", analisou Ramahi, acrescentando que os bancos não financiavam projetos de energia renovável até pouco tempo atrás.
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"Mas obviamente isso aumenta a avaliação desses ativos. E isso pode ser problemático no sentido de que, quando o private equity quer sair, eles vendem para outra parte, e se essa parte perde dinheiro, então isso se inverte, o mercado se ajusta e o dinheiro começa a ir para outro lugar."
Em sua avaliação, Ramahi pondera que a energia renovável é, em última análise, um negócio de utilidade pública que deve gerar retornos de um dígito. "Não somos investidores financeiros (na Masdar). Claro, colocamos muito capital em ação, mas somos um investidor estratégico e nossos retornos são sempre comprimidos porque somos uma utilidade. Não vamos reciclar esses projetos após quatro ou cinco anos."