O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), apresentou nesta quinta-feira (6) um projeto de lei que visa aumentar a blindagem a parlamentares, proibindo o afastamento cautelar de deputados e senadores, mesmo para aqueles sob investigação criminal.
A proposta altera o artigo 319 do Código Penal e estabelece que “aos membros do Congresso Nacional não poderão ser aplicadas quaisquer medidas cautelares diversas da prisão, salvo por decisão da respectiva Casa Legislativa, com o voto da maioria absoluta de seus membros, após remessa da decisão judicial em 24 horas”.
Com isso, deputados e senadores não seriam mais alvos de medidas cautelares impostas por ministros do Supremo Tribunal Federal – ou quaisquer outras instâncias, como a retenção de passaporte ou o uso de tornozeleiras eletrônicas. Além disso, a alteração no Código Penal poderia proibir a busca e apreensão em gabinetes de parlamentares por integrantes da Polícia Federal.
Na justificativa da proposta, Sóstenes Cavalcante, um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), argumenta que a medida busca “reforçar a proteção das prerrogativas parlamentares e garantir o equilíbrio entre os Poderes da República”.
Ele afirma que “a liberdade de locomoção e outros direitos inerentes à atividade parlamentar são direitos fundamentais assegurados pela Constituição e não podem ser restringidos sem o devido processo legal e sem condenação definitiva”.
Apesar dessa justificativa, o projeto foi apresentado logo após um episódio envolvendo deputados petistas, que pediram a apreensão do passaporte diplomático do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Isso gerou um ambiente tenso, com a proposta sendo vista como uma resposta política a esse pedido.
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Pela proposta protocolada por Sóstenes, após a diplomação, deputados e senadores não poderão ser alvos de medidas cautelares, exceto prisão, a não ser que haja aprovação na Câmara ou no Senado, por maioria absoluta, após o envio de decisão judicial em até 24 horas. A medida reflete a intenção de garantir a imunidade parlamentar e proteger os parlamentares de interferências indevidas em sua atuação política.
Em paralelo, tramita na Câmara a “PEC da Blindagem”, uma proposta que visa reforçar a imunidade parlamentar, limitando operações policiais contra deputados e senadores, que tem o apoio de integrantes da oposição.
Família Bolsonaro na mira
Recentemente, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), e o deputado Rogério Correia (PT-MG) acionaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) para pedir a investigação criminal e a cassação do passaporte diplomático de Eduardo Bolsonaro.
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Eles o acusam de influenciar o posicionamento do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, órgão do Departamento de Estado, que criticou decisões da Justiça brasileira em relação a bloqueios e multas impostas a empresas norte-americanas.
Para os parlamentares petistas, Eduardo teria cometido crime contra a soberania nacional.
O projeto de Cavalcante faz parte de uma série de iniciativas da bancada bolsonarista para tentar blindar Jair Bolsonaro e seus aliados de medidas determinadas pela Justiça.
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Além dessa proposta, parlamentares alinhados ao ex-presidente também apoiam iniciativas que visam modificar a Lei da Ficha Limpa e reduzir as funções investigativas do Ministério Público.
Tais medidas são vistas por especialistas como um enfraquecimento da legislação brasileira no combate à corrupção e outros crimes relacionados à atuação política.