O aumento dos preços ao consumidor no Brasil deve ter acelerado em dezembro, quando os custos de energia e bens caíram menos do que no mês anterior, com a inflação acumulada terminando o ano bem acima do teto da meta, mostrou uma pesquisa da Reuters.
Em novembro, as contas de energia caíram com força com a vigência no mês da bandeira tarifária amarela, de custo menor, devido a uma melhora das condições de geração de energia no país. Para dezembro a bandeira foi verde, sem cobrança adicional na conta de luz.
Mas em dezembro a inflação mensal provavelmente acelerou de 0,39% para 0,57%, de acordo com a mediana das estimativas de 20 economistas entrevistados de 2 a 8 de janeiro. Os dados oficiais do IPCA serão divulgados na sexta-feira (9) às 9h (horário de Brasília).
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A XP estima que o indicador tenha encerrado 2024 com alta de 4,9%, acima do limite superior do intervalo de tolerância que contém a meta de inflação (4,5%). A expectativa do Itaú também é de alta de 4,9%, com um avanço de 0,57% em dezembro ante novembro.
“O movimento será impulsionado, em grande parte, por itens administrados (onde a deflação de eletricidade, decorrente das tarifas mais baixas das bandeiras, perderá intensidade) e bens industriais, onde o impacto dos descontos da Black Friday começará a desaparecer gradualmente”, escreveram analistas do BTG Pactual em relatório.
Em 12 meses, o IPCA deve ter acumulado alta de 4,88% em dezembro, contra 4,87% em novembro, fechando 2024 acima do limite superior da meta oficial — 3% com margem de 1,5 ponto percentual. Com isso, a inflação volta a estourar o objetivo depois de ter ficado dentro da faixa alvo no ano anterior.
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A inflação de alimentos e bebidas provavelmente continuou a liderar o aumento mensal do IPCA. Em particular, a carne bovina ficou mais cara em um momento de forte demanda local impulsionada por um mercado de trabalho aquecido, combinado com fortes exportações apoiadas pela desvalorização do real.
Os preços dos serviços subjacentes provavelmente também avançaram mais no mês passado, disseram analistas do Itaú Unibanco, reforçando uma das principais tendências citadas pelo banco central para justificar seu último aumento na taxas de juros.
(com Reuters)