Pressões em serviços e em itens cujos preços são influenciados por elevação nas cotações do dólar, em combinação com a bandeira amarela que onerou as tarifas de energia e aumentos nos combustíveis, conforme destacado na ata do Copom, teriam levado a inflação de julho bem acima do 0,38% de alta registrada sobre junho, chegando a 2,87% de janeiro a julho, e batendo em 4,5%, no acumulado em 12 meses. O que moderou a elevação, trazendo o IPCA para menos de 0,4% foi o recuo forte de 1%, em julho sobre junho, nos preços dos alimentos.
Para agosto, as previsões são de pequeno avanço na inflação mensal, com elevações estimadas abaixo de 0,2%. Daí em diante, as expectativas são de altas mensais moderadas, entre 0,2% e 0,4%, mas sempre na fronteira do teto do intervalo de tolerância, quando considerado o acumulado em 12 meses.
Cigarros pressionam
Nas projeções e análises do economista Fábio Romão, especialista com larga experiência em acompanhamentos de preços da LCA Consultores, o quadro inflacionário não sofrerá alterações significativas nos próximos meses. Romão chama a atenção para uma pressão adicional sobre a inflação ainda neste ano, com origem no aumento do preço mínimo do cigarro, em agosto, e da alíquota cobrada sobre o produto, a partir de novembro.
"Daqui para frente, variações de preços em alimentação no domicílio vão deixar o terreno negativo, embora com taxas moderadas, ao mesmo tempo em que combustíveis pressionaram menos depois de julho sair do terreno. Mas reajustes em cigarros e as recentes desvalorizações do câmbio poderão desaguar sobretudo em artigos de residência e vestuário". Fábio Romão, economista da LCA Consultores especialista em acompanhamento de preços
Romão elevou de 4,2% para 4,4% sua previsão de inflação para 2024. Levou em conta também as pressões da conjuntura favorável no mercado de trabalho — e que em parte expressa um outro lado da moeda da expansão dos gastos públicos — sobre a inflação de serviços. Em julho, por exemplo, a inflação nos serviços avançou 0,75%, ritmo de alta equivalente ao dobro do registrado pelo IPCA cheio do mês. No ano, de acordo com projeções atualizadas do economista, a alta de preços nos serviços pode chegar a 4,6%.