"Tarifaço" será aplicado a partir de 0h01 do próximo sábado (5). A proposta das cobranças mínimas de 10% sobre as importações realizadas é vista como um ato de "reciprocidade" contra as tarifas aplicadas sobre os produtos fabricados nos EUA. "O consumidor americano vai pagar mais caro pelo que sai do Brasil", afirma Bruno Lessa Meireles, professor da Universidade Brasil.
Peso maior deve recair sobre as famílias norte-americanas. Com as tarifas extras e eventuais retaliações, Erick Isoppo, especialista em comércio exterior da IDB do Brasil Trading, afirma que haverá um impacto direto sobre os preços nos EUA. "O cidadão norte-americano vai vivenciar o aumento da carga tributária e dos preços de produtos internacionais", diz ele.
Eles sentirão algo que o mundo tem sofrido muito e eles, pouco: o peso da inflação.
Erick Isoppo, especialista em comércio exterior
Efeitos das tarifas para os consumidores brasileiros serão indiretos. "No curto prazo, o brasileiro não deve sentir um aumento de preços por causa dessa medida, porque ela não recai nas importações que chegam ao nosso país", afirma Meireles. "Diretamente, o preço pago aqui não aumenta", complementa Gilberto Braga, professor do Ibmec.
Cenário abre caminho para reduzir ritmo da inflação brasileira. A avaliação dos economistas considera que a busca dos exportadores por outros mercados tende a estimular a distribuição dos produtos no território nacional. "Existe a possibilidade de um aumento de oferta local dessas categorias sobretaxadas pelas medidas de reciprocidade e até do preço final baixar para o brasileiro", estima Braga.
Maior oferta global é outro ponto positivo contra o aumento dos preços. Outro ponto favorável para limitar a inflação brasileira passa pela maior disponibilidade global de diversos produtos taxados pelos Estados Unidos. Tal efeito será originado pela preferência nacional para fugir das elevadas tarifas. "Os mercados europeu e asiático vão olhar para o Brasil e pensar: 'já que o meu produto vai aumentar 30%, 40% se eu mandar para os Estados Unidos, eu vou mandar para o Brasil'", pondera Isoppo.