A carta apela para o prazo mais curto de entrada em operação dos sistemas para solicitar que o governo inverta as prioridades do planejamento, e destine de forma "adequada" a demanda de potência às baterias, reduzindo a necessidade de contratar termelétricas e ampliar hidrelétricas.
Baterias ainda não são prioridade
Dentro do planejamento do setor elétrico, a prioridade tem sido a realização de outro leilão, também inédito, voltado para termelétricas novas e existentes — movidas a gás ou biocombustíveis — e também para a expansão de hidrelétricas. As tecnologias são preferencia do governo porque já foram testadas para a função que deverão exercer: oferecer flexibilidade para que a operação do sistema seja segura.
O modelo prevê pagamento pela disponibilidade, e não pela energia gerada, para garantir oferta quando há estresse no sistema, como no fim do dia, quando a geração solar cai e o consumo segue elevado.
Estudos indicam que as baterias podem atender essa necessidade em momentos de variação brusca de demanda ou oferta, mas trata-se de uma tecnologia nova no Brasil e ainda não regulamentada. Por isso, a ideia é fazer um leilão exclusivo, um teste para essas aplicações.
O leilão das termelétricas e hidrelétricas aconteceria em 27 de junho, mas foi cancelado depois de uma chuva de ações judiciais questionando as regras. A nova promessa de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, é abrir uma nova consulta pública o quanto antes para discutir as regras da disputa, para que possa acontecer ainda em 2025.
Já para o leilão de armazenamento na forma de baterias, ainda não há um cronograma definido. Quando a consulta pública sobre as diretrizes foi aberta, em setembro de 2024, a previsão era de que a sessão do leilão seria em junho de 2025, algo já impraticável.
O ministro Silveira prometeu divulgar em maio a portaria com as diretrizes e um cronograma oficial, o que poderia viabilizar um leilão entre novembro e dezembro deste ano.
O problema é a possível falta de estrutura técnica dos órgãos responsáveis para organizar dois leilões inéditos no mesmo ano. Por isso, tudo indica que as associações irão se frustrar e o leilão das baterias irá para 2026.
Mais limpas e mais ágeis
A carta critica as térmicas por maior poluição, custo variável elevado e menor agilidade de resposta. Segundo os signatários, o uso intensivo de térmicas com baixa flexibilidade pode ampliar o risco de desperdício de energia renovável, já que muitas precisam operar por longos períodos mesmo quando o sistema exige apenas picos curtos de geração.
A grande concorrência das baterias aqui está nas termelétricas que usam biocombustíveis, como o biodiesel, que têm maior custo variável, mas oferecem mais flexibilidade do que as movidas a gás natural — combustível mais barato, porém menos versátil.
Para as associações, realizar o leilão de baterias ainda em 2025 é estratégico: além de evitar desperdício de renováveis e custos com térmicas, o país poderia se firmar como pioneiro global da transição energética.
Reportagem
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