A bolsa em queda é só um reflexo da desvalorização e deterioração da percepção do 'risco Brasil'", diz Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos. "Muito disso se deve a falta de clareza e falha na condução de termas relevantes que pareciam estar endereçados, como reforma tributaria e marco fiscal."
Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, diz que a política de gastos do governo federal teve influência decisiva na queda do Ibovespa. "No início do ano casas davam Selic em torno de 8% a 9% e no final das contas tivemos uma inflação bem resiliente, gastos do governo muito forte, tudo isso contribuiu para índices no final do ano no patamar negativo", destaca. "Do meio do ano para cá começou a se enxergar que a atitude do Banco Central de corte de juros não era adequada para o momento que o país vivia diante dos gastos do governo federal."
Para Thaunahy, professor de finanças da Strong Business School, o desempenho do Ibovespa em 2024 foi moldado por um conjunto de fatores internos e externos. "Podemos destacar o cenário macroeconômico, principalmente as decisões de política monetária do Banco Central", avalia Thaunahy. "Além disso, a inflação global, a guerra na Ucrânia e as incertezas geopolíticas foram os principais drivers externos que impactam o mercado brasileiro."
"Também tiveram influência o cenário político, com as eleições presidenciais nos Estados Unidos e as reformas propostas pelo governo federal que geraram incertezas e afetaram a confiança dos investidores e nas análises setoriais, com a variação dos preços das commodities, principalmente do petróleo e minério de ferro, influenciando diretamente as empresas brasileiras ligadas a esses setores. Além disso, a alta dos juros impactou setores mais sensíveis à taxa de juros, como o setor financeiro, por exemplo."
Segundo o especialista, também se destaca o ajuste fiscal anunciado pelo Ministro da economia e analisado recentemente pelo Congresso Nacional que impactou em uma variação do dólar muito acima das expectativas do mercado para 2024.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destaca que o resultado teve influencia mais por fatores internos do que externos. "Tivemos uma mudança clara na política fiscal no primeiro semestre, com o governo propondo metas ambiciosas.