IA já é discussão geopolítica e global, diz presidente do Google Brasil

há 5 dias 4

A inteligência artificial não é só uma ferramenta capaz de escrever ou criar antes como se fosse um ser humano, mas também uma tecnologia alvo de disputa entre nações poderosas. E o Estados Unidos e China, líderes nessa corrida, decidem afetam os rumos do que ocorre aqui no Brasil.

Se isso não estava claro, o chefão para o Brasil do Google, uma das empresas na dianteira dessa disputa, deixou isso claro.

A gente está numa sociedade que toda discussão de IA passa a ser geopolítica e global
Fábio Coelho, presidente do Google no Brasil

A declaração de Coelho foi feita durante o Think with Google, um evento voltado a empresas interessadas nas ferramentas da companhia norte-americana para conectar consumidores e marcas.

Para o Google, os processos que levam uma pessoa a ser influenciada a comprar algo a partir de anúncios e outras interações mudou ao longo do tempo.

As conclusões foram tiradas a partir de uma pesquisa da consultoria Boston Consulting Group, que identificou como norteador dos processos de compra quatro novos comportamentos: streaming, busca on-line, "escrolar" e, por fim, a compra em si.

Segundo Coelho, a inteligência artificial é uma ferramenta para mapear qual é a jornada do consumidor e como criar formas mais criativas de atingir essa pessoa da melhor forma.

Mas a IA não é só uma ferramenta para elevar a receita, a eficiência ou criar produções, comenta Coelho.

A IA tem se transformado em mais uma frente de batalha global.

De um lado, o governo norte-americano se apoia no alcance e poderio de suas empresas, do Google à Meta, passando por AWS (da Amazon), Microsoft e OpenAI, mas carece de uma estratégia clara e unificada para toda a indústria.

Por outro, a China tem um plano nacional bem definido, empresas gigantes e inovadoras, um mercado doméstico enorme, mas um alcance para além de seu território restrito.

Correndo por fora, mas ainda no páreo, a União Europeia possui tecnologia regulatória de ponta, mas que muitos vêm como restritiva para a inovação.

"Qual o papel do Brasil nesse trabalho?", pergunta Coelho.

"A gente acredita que precisa ter IA de forma ousada e responsável, acredita que precisa ter desenvolvimento local, rápida adoção de coisas globais, mas sobretudo a gente acredita que, em ambientes como esses o que vai tornar a sociedade melhor, um dos pilares disso é uma sociedade comercial melhor."

O Google está para inaugurar seu segundo centro de engenharia no Brasil, que ficará no IPT (instituto de pesquisas tecnológicas), em São Paulo. A visão do Google é criar aqui ferramentas que solucionam problemas globais, já disseram funcionários da empresa à coluna.

Ter em vista que a discussão da IA não é apenas local parece ser um recado de Coelho endereçado aos processos que ocorrerão no Brasil e miram a tecnologia da vez. Em breve, a câmara dos deputados discutirá o Marco da Inteligência Artificial e o ECA Digital, já aprovados pelo Senado.

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