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A hora da verdade para as bets
Esta terça-feira, 1º de outubro, foi um divisor de águas para quem faz apostas online no Brasil.
↳ Apenas as casas de apostas, mais conhecidas como bets, que solicitaram aval do governo em seu programa de regulamentação continuarão a operar.
↳ São 192 sites, divulgados pelo Ministério da Fazenda na noite de ontem. Veja a lista aqui.
Entenda: o governo ainda não deu o aval a essas empresas, mas permitirá o funcionamento delas, enquanto avalia a liberação final. Até lá, decidiu bloquear outros sites que sequer se inscreveram no programa de regularização até meados de setembro.
Quem estiver fora da lista será derrubado aos poucos a partir de 10 de outubro. Segundo o ministro Fernando Haddad, é difícil fazer uma varredura completa em pouco tempo.
Até lá, porém, as funções de apostas devem ser suspensas. O prazo é destinado para os jogadores brasileiros poderem retirar dinheiro das bets que ficaram de fora da lista. Veja mais aqui.
↳ A exceção são as casas de apostas que operam após concessões de estados como o Rio de Janeiro. Entenda.
"Limpa". Só nesta semana, a expectativa do ministro Fernando Haddad é de que 500 sites sejam suspensos.
Dois empresários do setor afirmaram à Folha, sob reserva, que esperam o bloqueio de mais de 2 mil bets.
Atenção: vale ressaltar que as 192 bets que continuam no ar também podem ser bloqueadas nas próximas semanas.
O novo mercado de apostas, com diversas regras, começará a valer apenas em 1º de janeiro, mas a negativa ou autorização do Ministério da Fazenda pode sair antes.
↳ Entre as regras: ter certificações de idoneidade, canais de transparência financeira e ferramentas que permitam ao jogador evitar comportamento de vício. Falei sobre elas nesta edição da newsletter.
↳ Também haverá pagamento de impostos à Receita Federal, que devem gerar até R$ 12 bilhões ao ano, além de limitações para publicidade e nas formas de pagamento, como restrições a cartão de crédito e no uso do PIX.
As bets movimentam R$ 110 bilhões ao ano no Brasil, valor que atualmente escapa totalmente de tributação.
Quase de volta
O X (antigo Twitter) informou nesta terça-feira (1º) ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que pagará as multas que somam R$ 28,6 milhões.
O recuo da empresa levou o ministro a liberar as contas bancárias da empresa de internet via satélite Starlink, também de propriedade de Elon Musk.
↳ A multa fixada por descumprir decisões de derrubada de perfis é de R$ 18,3 milhões.
↳ Outros R$ 10 milhões são pela manobra que fez a rede social voltar a funcionar no país há duas semanas.
Sem acesso. A rede seguia bloqueada até o fim da noite de ontem. Na última sexta-feira (27), Moraes decidiu negar o pedido oficial de liberação do X e condicionou o retorno ao pagamento das multas.
Baixou a bola. Depois de se recusar a atender às determinações da Justiça, Elon Musk cedeu.
A falta de alternativas, a pressão de investidores e as críticas internacionais são vistas como os motivos que fizeram a empresa mudar de postura.
A rede social oficializou a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição como sua representante no Brasil.
Ela já havia ocupado a posição e será responsável pela suspensão de contas, entre elas a de um senador.
↳ No pedido de desbloqueio da última semana, a empresa informou que Rachel de Oliveira despachará de "escritório em endereço conhecido", onde poderá receber intimações.
Dinheiro. Analistas estimam que o valor de mercado do X esteja atualmente 72% abaixo dos US$ 44 bilhões (R$ 246,9 bilhões) avaliados na venda em 2022.
No final de 2023, uma queda de 50% no valor já havia sido confirmada pelo próprio Musk.
A ausência no mercado brasileiro, estimado em 20 milhões de contas, pesa contra os objetivos financeiros da plataforma.
Ao comprar o antigo Twitter, uma das promessas de Musk era tornar a rede lucrativa, mas os prejuízos têm sido altos para o bilionário.
↳ Dos US$ 44 bilhões pagos pela rede, US$ 13 bilhões (R$ 72,9 bilhões) foram emprestados por bancos.
↳ Musk revelou que os pagamentos anuais de juros somam cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,4 bilhões), segundo o Wall Street Journal.
A um passo do grau de investimento
O Brasil está a caminho de recuperar o tão falado "grau de investimento". Nesta terça-feira (1º), a agência de classificação de risco Moody’s melhorou a nota do país em seu ranking.
Agora, estamos apenas um patamar abaixo da linha que divide os países entre mais e menos seguros para investir.
↳ A nota subiu de ‘Ba2’ para ‘Ba1’. O grau de investimento começa em ‘Baa3’, o próximo degrau no ranking.
↳ O Brasil já esteve nesse patamar, mas perdeu a nota durante a crise econômica de 2015 e 2016.
Entenda: a classificação das agências Moody’s, S&P e Fitch avalia o risco de um país não cumprir com suas dívidas.
As notas influenciam diretamente o apetite dos investidores, o interesse de empresários internacionais e o patamar dos juros no país. Também afetam a valorização do câmbio. Veja mais aqui.
Em números
Um gráfico semanal explica o que acontece na economia
Taxas de juros caem no mundo, mas Brasil, Rússia e Japão são exceções
Mudança nas taxas básicas desde junho, em pontos-base (centésimos de um ponto percentual)
A inflação que impactou o mundo no pós-pandemia finalmente cedeu, e os principais bancos centrais estão agora reduzindo os juros.
O mais importante deles, o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, cortou as taxas do país em setembro, em 0,50 ponto percentual.
↳ Esse corte foi o primeiro movimento desde que os juros atingiram o patamar de 5,5%, ainda em julho de 2023.
Na zona do euro, a redução também foi de 0,50 ponto percentual desde junho.
Alguns países, no entanto, estão na contramão.