Honda CG 160 Titan 2025 é a melhor da história, pena que é a mais cara

Não tem jeito: se a moto não tem os equipamentos que o público espera, reclama-se. Se os têm, reclamam do mesmo jeito, mas do preço. Se fosse para resumir a nova Honda CG 160 Titan ABS 2025, diria algo nesse sentido: em se querendo, todos encontram algo para reclamar.

Nos últimos anos, a reclamação era que a CG não tinha freios ABS nem como opcional, ou que a versão de entrada não tinha freios a disco, ou ainda que o freio a disco traseiro não existia na CG. Aí Honda lançou a CG 160 2025 e corrigiu diversas dessas reclamações, com todas as configurações da moto - e veículo - mais vendida do Brasil trazendo rodas de liga leve e ao menos freio a disco dianteiro em todas as configurações.

Indo para a CG Titan 2025, a topo de linha, tem-se ABS dianteiro, freio a disco traseiro e faróis de LED. Por outro lado, a balança da reclamação continua pendendo para o outro lado: comprar uma Titan não sai por menos de R$ 19.230, sem contar o frete cobrado a parte na concessionária. Por praticamente R$ 20 mil, já periga de começarem a olhar opções de motos até nas categorias de mais de 300 cilindradas em outras marcas. 

O que nem sempre se lembra é que quem está comprando uma CG nem sempre está adquirindo sua primeira moto. Segundo a Honda, mais da metade das vendas do veículo mais vendido do Brasil são feitas para pessoas que já têm uma. Pegando como exemplo uma CG Titan 160 2021, no limite para ser considerada seminova, seu preço na Tabela Fipe é de R$ 15.176. Para quem tem uma, a troca pela 0km não custa R$ 20 mil, mas sim a diferença entre o que se consegue na venda da antiga e o que se pagou pela nova. Sendo bem mais real, o custo é seja lá qual for o valor da parcela que a pessoa consegue pagar, seja em financiamento ou consórcio.

Quem está comprando uma CG, provavelmente já tem uma e quer continuar se aproveitando da maior rede de lojas de moto do país, da facilidade de manutenção e, se for para a Titan, procura a versão mais completa e bonita de uma moto que já conhece. Mas resta saber como anda a nova Titan 2025 já que as únicas coisas que sobraram foram o motor e o quadro.

Foto de: Honda

Honda CG 160 Titan 2025

Honda CG 160 Titan ABS 2025: as mudanças

O visual é a primeira coisa que salta aos olhos, com a nova Honda CG 160 2025 mostrando um novo tanque com carenagens mais encorpadas. Ela usa um tanque metálico interno, enquanto a parte plástica externa serve apenas para o visual e para o proteger a peça interna contra amassados e perfurações. A Titan se diferencia pelo jogo de carenagens exclusivas e - não sei classificar como diferencial ou como corte de custo nas demais versões - é a única com para-lama dianteiro pintado.

Na traseira, todas as CG (Start, Cargo, Fan e Titan) estão usando a mesma rabeta, incorporando lanterna de LED. Todas as configurações ainda ganharam novas alças de garupa, agora de resina e não metálicas. Assim como na Bros 160, a pedaleira do garupa passa a ser de alumínio.

Foto de: Honda

Honda CG 160 Titan 2025

O painel digital é de série em todas as versões da CG 160 2025, trazendo sempre as mesmas funções: velocímetro, hodômetro (total e parcial), conta-giros, indicador de marcha e marcador de combustível. A Start e a Cargo têm um painel de fundo claro com dígitos pretos, enquanto Fan e Titan têm fundo escuro com dígitos brancos (blackout) para alto contraste. A Titan é a única com tomada USB-C instalada atrás do bloco do farol. A Fan tem preparação para o item, mas você precisar pagar cerca de R$ 120 a mais na loja para fazer a instação.

Nova para todas as versões, a balança traseira deixa de ser tubular para ter construção retangular, incorporando ainda um novo sistema de ajuste para a tensão da corrente, mas fácil de usar. Por conta disso, houve uma pequena alteração no ângulo dos dois amortecedores traseiros. Suas molas também mudaram, contando com elos de maior diâmetro e espaçamento progressivo. Na dianteira, também houve uma mudança nas bengalas. Até a linha 2024, uma delas tinha a mola e a outra tinha o fluído hidráulico, separando as funções. Agora, para 2025, ambas possuem as duas funções como anteriormente.

Foto de: Honda

Honda CG 160 Titan 2025

Mas, continuando no tema "não sei se é exclusividade da Titan ou economizaram nas demais versões", precisamos falar dos pneus da moto. A Honda homologou mais de um fornecedor, valendo citar as fabricantes Michelin e Vipal. A marca garante que todas atendem aos mesmos requisitos da engenharia da Honda. No entanto, ao comprar Start, Cargo e Fan, você pode receber pneus de qualquer uma das duas marcas citadas. Na Titan, é garantido que virão pneus Michelin. Se eles e os Vipal atendem aos mesmos requisitos, porque a Titan não pode trazer Vipal também? Ou melhor: por que todas não trazem pneus Michelin?

Assim como a versão intermediária Fan, a Titan 2025 passa a contar com faróis de LED, mas apenas a mais completa recebe o freio ABS dianteiro e o freio a disco traseiro.  A mecânica segue a mesma, com o motor monocilíndrico de 162,7 cm³ refrigerado a ar mantido. É apenas a gasolina na Start e flex na demais versões. Por conta da nova fase do programa de emissões de poluentes que entra em vigor em janeiro, a moto passou a contar com dois catalisadores. Com a alteração, houve uma ligeira queda de potência e um ganho ainda menor de torque. O câmbio continua mecânico de 5 marchas.

CG Titan 2025: ficha técnica

Foto de: Honda

Primeiras impressões Honda CG 160 Titan 2025

A melhor CG da história, se você puder pagar

Meu ponto fraco são carros e motos coloridas, então não foi difícil para a nova CG 160 Titan ABS me agradar nesse chamativo tom de laranja. Porém, mesmo nas demais opções, o farol de LED e o novo formato do tanque deram uma bela encorpada na moto. As laterais com formas mais tridimensionais parecem inspiradas na linha CB e deixaram a Titan mais agressiva, aparentemente algo que os clientes buscam numa moto de baixa cilindrada feita para trabalho ou deslocamentos urbanos.

Ao subir na moto, decepciono-me com a falta do sensor de recolhimento do descanso lateral. Finalmente você pode comprar uma CG com freio ABS e um disco traseiro, mas ainda consegue se esquecer do pezinho, ligar a moto, engatar marcha e só se lembrar dele quando bater com a peça no asfalto e em movimento.

Foto de: Honda

Primeiras impressões Honda CG 160 Titan 2025

Passado isso, a Honda mostra o que aprendeu nos últimos 48 anos fabricando CG: você pode ter 1,60 m de altura ou 2 metros e vai se encaixar bem na moto. Com meus 1,72 m, não tive dificuldade de colocar os pés no chão e sobrou espaço no assento. Mas, se a moto fosse minha, precisaria recuar um pouco o guidão para não ficar com a sensação de estar com os braços esticados. Mas isso é algo recorrente para mim em quase todas as motos que ando. A espuma do banco tem uma densidade correta para meus 70 kg, cedendo um pouco ao se sentar, mas não afundando completamente a ponto de deixar a coluna curvada.

Saindo, a Titan continua com uma embreagem de operação leve e fácil de modular, enquanto a alavanca de marchas tem engates precisos. Não é difícil achar o neutro e o indicador de marcha ajuda a se lembrar em que ponto da relação você está. Louvável também que o indicador é um sensor de marcha engatada mesmo. Se a relação não estiver em uso mesmo, o painel indica apenas um traço evitando falsos positivos.

Foto de: Honda

Primeiras impressões Honda CG 160 Titan 2025

E começa o vai-e-vem do trânsito de Santos (SP), com suas ruas esburacadas, estreitas e um trânsito esquisito até para quem cresceu fazendo corredor na capital paulista. Aí as quase 5 décadas de CG no Brasil fazem diferença, pois não se pensa muito para realizar as manobras. Se você já teve qualquer CG, vai se sentir em casa (ou no trabalho) com a nova Titan.

Indo para as mudanças, a suspensão pareceu mais firme na Titan 2025 do que era na linha 2024. Assim como aconteceu com a Bros 160, deixou a condução mais ágil e precisa e, ao invés de tentar fazer todo o amortecimento com molas e amortecedores, compartilha-se um pouco da responsabilidade com o assento. O compromisso entre precisão e conforto ficou mais próximo de motos maiores, como a CB 300F Twister.

Com os freios, recomendo cuidado nas primeiras voltas. Não porque são ruins, é o oposto. Para quem viveu uma vida condicionando o pé direito a fazer força para tentar tirar alguma coisa de um arcaico freio a tambor, o novo disco traseiro vai parecer forte demais. Atenção nos primeiros acionamentos, do contrário, você vai travar justamente a roda que não tem ABS.

Foto de: Honda

Primeiras impressões Honda CG 160 Titan 2025

Falando nele, que atua apenas na dianteira, quase não trabalhou nas condições de asfalto seco da cidade litorânea. Tive quer forçar frenagens de emergência para ter certeza que estava ligado e, mesmo assim, só consegui uma resposta lá para a terceira tentativa. Agora com um freio que para - e para sob quaisquer condições - e uma suspensão mais firme, você pode frear com toda a força que a CG Titan não vai afundar a frente. 

Mas enquanto tudo isso acontecia, tinha uma voz na minha cabeça achando que o motor 160 estava mais fraco. Seja pelos ajustes das regras de emissões para o ano que vem ou de a moto testada não ter nem 100 km rodados ainda. O propulsor continua operando melhor entre 4.500 e 7.000 rpm e tendo uma velocidade de cruzeiro ideal de até 110 km/h de painel. Chega em 120 km/h? Chega, mas basta uma subida ou vento contra para voltar aos 110 km/h. Até essa velocidade, não se sente vibração nos pés ou pelo assento. Há um pouco nas pontas do guidão, porém.

Levei umas duas horas em cima da moto para perceber o que estava acontecendo e é algo que nunca imaginei que diria de uma CG. Não é que o motor está mais fraco, o desempenho é praticamente o mesmo. O que aconteceu pela 1ª vez na história da CG é que a Titan 2025 tem freio e suspensão de sobra para os menos de 15 cv de potência. Passando mais confiança, fica parecendo que o motor não responde, mas a realidade é que agora a ciclística superou o que o 160 pode entregar.

No final das contas, sim, a Honda CG 160 Titan ABS 2025 é cara, mas itens de série extras e melhorias na moto não aparecem de graça. Quem está com a grana curta já vai normalmente para a Pop ou a Biz, pulando depois para uma CG Start e, se der, para uma Titan. Mas pagar mais de R$ 20 mil na prática por uma CG, por mais que seja a melhor da história, é difícil de justificar.

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