Periodicamente, o Sol emite gigantescas erupções de partículas para o Sistema Solar. Às vezes, quando essas erupções estão direcionadas para a Terra, as partículas podem levar a auroras em muitas partes do planeta. O evento, porém, também pode danificar satélites, interferir nos sinais de GPS e derrubar redes elétricas.
Nesta quarta-feira (9), um centro federal dos Estados Unidos emitiu um alerta de tempestade solar severa após espaçonaves observarem uma grande explosão solar emanando de uma mancha solar no hemisfério norte do Sol, acompanhada de uma explosão de partículas conhecida como ejeção de massa coronal.
"O preocupante aqui é que foi bem no centro do Sol", disse Shawn Dahl, coordenador de serviços do Centro de Previsão de Clima Espacial, que faz parte da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), durante entrevista coletiva na tarde desta quarta.
Se a erupção ocorreu bem no centro do Sol, isso significa que pelo menos parte dela provavelmente estava direcionada para a Terra. Ela parecia ser grande o suficiente para causar possíveis interrupções por aqui e, também, produzir auroras boreais e austrais na noite desta quinta (10), alcançando regiões muito mais próximas da linha do equador do que o habitual.
Essa foi a segunda vez que um aviso desse tipo foi emitido pelo centro nos últimos 19 anos, o que equivale a um aviso de tempestade solar.
O primeiro, em maio, pôs os Estados Unidos em alerta para uma tempestade solar severa que parecia estar a caminho da Terra. Essa tempestade atingiu o nível mais alto, extrema, mas o aviso antecipado permitiu que as empresas de energia se preparassem e ajudou a evitar grandes quedas de energia.
As partículas carregadas do evento mais recente —prótons, elétrons e núcleos de hélio— estão se movendo a mais de mil quilômetros por segundo e a previsão é que começassem a colidir com o campo magnético da Terra na manhã desta quinta-feira.
Dahl disse que a tempestade provavelmente não será tão intensa quanto a de maio. "A diferença é que, em maio, tivemos uma série de ejeções de massa coronal, uma mais rápida que a outra", disse Dahl. "E meio que varreu tudo junto e apenas intensificou o efeito."
Mas a tempestade geomagnética pode durar cerca de 36 horas. Se a tempestade atingir o nível severo, as auroras no Hemisfério Norte podem se estender até o meio dos Estados Unidos, potencialmente chegando tão ao sul quanto o Alabama.
As previsões permanecerão em grande parte como conjecturas até que as ondas de partículas passem por duas espaçonaves, o Explorador de Composição Avançada da Nasa, ou ACE, e o Observatório Climático do Espaço Profundo, ou DSCOVR.
Ambos fornecem avisos 15 a 30 minutos antes que as tempestades solares cheguem à Terra. Nesse ponto, o aviso pode ser atualizado para um alerta.
Em maio, o centro começou a conversar com operadores de rede elétrica cerca de seis horas antes da tempestade chegar.
Desta vez, eles entraram em contato ainda mais cedo, porque a rede elétrica, já danificada pelo furacão Helene no mês passado, será ainda mais afetada conforme o furacão Milton se aproxima da Flórida.
"Com todos os esforços de socorro aos furacões em andamento e o furacão que se aproxima da Flórida e atravessa a península, achamos prudente contatá-los imediatamente agora", disse Dahl. "Não sabemos a verdadeira situação lá, mas essa é apenas a nossa preocupação."
Nem a erupção de maio nem a desta semana são tão graves quanto a conhecida como Evento Carrington que atingiu a Terra em 1859, interrompendo estações de telégrafo, ou outra em 1989 que causou um apagão de nove horas em Québec.