Aracaju
O apresentador Marcelo Castro, hoje na TV Aratu, afiliada do SBT em Salvador (BA), foi condenado na última quarta (12) a indenizar a Record em R$ 10 mil por danos extrapatrimoniais contra a emissora. A decisão é da Justiça do Trabalho da Bahia. Cabe recurso.
Segundo documentos obtidos pela coluna, o pedido foi feito pela Record, com a alegação de que Castro prejudicou a imagem da emissora com a acusação de ter liderado um esquema que desviava doações feitas para pessoas pobres no programa Balanço Geral.
A sentença assinada pela juíza Luiza Mello Araújo, da 22ª Vara de Trabalho de Salvador, diz que houve comprovação de que a Record teve prejuízo até financeiro com a situação, além de afetar parte da credibilidade junto ao público.
A condenação foi por danos extrapatrimoniais, chamadas também de lesões imateriais, que atingem a esfera moral ou existencial de uma pessoa, empresa ou marca. A defesa de Marcelo Castro diz que deve recorrer da decisão.
Foi a primeira condenação que Marcelo Castro sofreu por causa do chamado Golpe do Pix na Bahia. Ele também responde na esfera criminal pelo caso, enquadrado como organização criminosa para estelionato. Nesta quinta (13), inclusive, houve audiência do caso na Justiça da Bahia.
Castro é acusado de liderar uma organização criminosa, com 12 pessoas, que desviava doações feitas para pessoas pobres que precisavam de ajuda, entre 2022 e 2023. O fato, segundo a Justiça, acontecia quando Castro ainda era repórter da Record.
O grupo teria se apropriado de R$ 407,1 mil, o equivalente a 75% dos R$ 543 mil doados pela audiência do programa em campanhas. Ainda de acordo com a investigação, R$ 146,2 mil teriam ficado com Castro, e R$ 145,7 mil teriam ficado com Jamerson Oliveira, ex-editor chefe do Balanço Geral e atualmente parceiro de Castro.
O desvio, segundo a Justiça, acontecia da seguinte forma: o grupo arrecadava as doações e destinava às vítimas a menor parte do volume arrecadado por meio de chaves Pix exibidas na tela do programa da Record. As chaves não eram de quem, de fato, pedia ajuda, e sim de pessoas ligadas ao esquema.
Após cada programa, os valores arrecadados eram distribuídos a partir das contas que recepcionavam as doações, por seus respectivos titulares. Eles, ainda de acordo com a Justiça, seguiam as orientações dos líderes do grupo, que ficavam com a maior parte do dinheiro.
O caso só foi descoberto em março de 2023, após o jogador de futebol baiano Anderson Talisca decidir fazer uma doação de R$ 70 mil após assistir a uma reportagem. O valor seria doado à família do menino Guilherme, de 1 ano, que fazia um tratamento de câncer.
Em contato com Marcelo Castro, contudo, um assessor do jogador constou que o número do Pix repassado para doação não era o mesmo que apareceu na televisão durante a exibição da reportagem. Dias depois, a Record Bahia demitiu Marcelo Castro e Jamerson Oliveira. A criança mostrada na reportagem morreu semanas depois. Marcelo e Jamerson negam qualquer envolvimento no caos.
Após a demissão, Marcelo Castro e Jamerson Oliveira criaram o site Alô Juca, que virou sucesso nas redes sociais. Com o êxito, foram contratados pela TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia.
Desde abril do ano passado, o Alô Juca acirrou a briga pela audiência na faixa mais nobre da TV local no Brasil: a hora do almoço, entre 11h e 14h. Se antes de ir ao ar, o SBT brigava com a Band pela terceira colocação, o Alô Juca levou a TV Aratu a brigar pela liderança com Globo e Record.