A companhia aérea Gol divulgou nesta quarta-feira (15) uma revisão de seu plano financeiro para os próximos cinco anos que prevê a saída do processo de Chapter 11 nos Estados Unidos, similar à recuperação judicial no Brasil, até maio deste ano.
O novo plano também prevê uma conversão de parcela significativa da dívida da empresa em novas ações, o que vai levar a uma diluição significativa das já existentes, e o crescimento da frota de 137 para 167 aeronaves até 2029.
Segundo a empresa, o plano revisado reflete o atual cenário macroeconômico, baseando-se na taxa de câmbio de R$ 6,04, e demonstra os esforços contínuos para melhorar seu desempenho operacional e financeiro.
A Gol afirma que o crescimento do Ebitda (lucro antes de impostos, tributos, depreciações e amortizações) para níveis regulares em 2026 deve levar a empresa a alcançar alavancagem de 2,7 vezes até o final de 2027 e de 1,9 vez até o final de 2029.
Os planos divulgados nesta quarta dependem em parte da aprovação de um plano de reestruturação protocolado em dezembro nos EUA.
Segundo a empresa, é necessário capital adicional para que consiga sair com sucesso do Chapter 11 e se posicione para a estabilidade financeira de longo prazo. A aérea diz no documento que busca levantar US$ 1,87 bilhão em financiamento de saída, dos quais US$ 1,32 bilhão serão usados para quitar o DIP (financiamento do devedor em posse).
Os US$ 500 milhões restantes seriam utilizados para garantir liquidez no balanço na saída da recuperação judicial.
O montante do financiamento de saída será garantido por um penhor sobre a marca da companhia aérea, do programa de fidelidade Smiles, dos slots de decolagem e pouso em grandes aeroportos brasileiros e seu pool de peças de reposição. Somados, esses itens são avaliados pela empresa em US$ 6,25 bilhões.
Ao final do terceiro trimestre de 2024, a Gol apresentou dívida líquida total de R$ 27,6 bilhões, com prejuízo líquido de R$ 830 milhões nos três meses encerrados em setembro.
Nesta quarta (15), a Azul e a Abra, dona da Gol, assinaram o memorando de entendimento que, se cumprido, levará à fusão das companhias aéreas após a aprovação pelo Cade e pela Anac.
A expectativa é que esse processo junto aos órgãos reguladores leve um ano, o que permitirá o início da operação conjunta em 2026. Apesar de existir pouca sobreposição de destinos, a combinação das duas aéreas cria um competidor com mais de 60% de participação em passageiros.
O negócio, no entanto, depende do cumprimento de diversas condicionantes. A principal é a conclusão do processo de recuperação judicial da Gol nos EUA. A renegociação com os credores é fundamental para a redução do nível de endividamento da companhia.
Pelos termos do memorando, obtido pelo Painel S.A., da Folha, a alavancagem das duas empresas juntas não poderá ser maior do que a da Gol após a renegociação com os credores. Estima-se que ela seja de quatro vezes o Ebitda (lucro antes de impostos, tributos, depreciação e amortizações). Caso não seja atingida, a fusão não será concretizada.