O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta segunda-feira (2) que a Curitiba que ele visitou na década de 1970 para um congresso da advocacia não é a mesma capital "que ficou mal-afamada" em decorrência da operação Lava Jato.
Gilmar fez o comentário durante a cerimônia da Câmara Legislativa do Distrito Federal na qual ele recebeu o título de Cidadão Honorário de Brasília.
O ministro relacionou o que chamou de má reputação da cidade à atuação do senador e ex-juiz Sergio Moro (União-PR) e do ex-procurador federal e deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Novo-PR).
No discurso de cerca de 40 minutos, o ministro lembrava de quando participou do 7° congresso da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), feito em 1978 na capital do Paraná. No encontro, os presentes debateram temas como a restauração do habeas corpus, suprimido durante a ditadura, e a anistia. O ministro lembrou grandes nomes do direito.
"Trouxe um debate sobre as medidas de exceção. Oscar Correa foi o relator, que depois foi ministro do Supremo e da Justiça. Foi uma cena incrível o que meus olhos viam. Os advogados não aceitavam discutir isto. Faoro disse que precisávamos debater, porque não haveria abertura se não tivesse Estado de defesa. E assim se fez essa discussão", disse.
Presidida por Raymundo Faoro, a 7a Conferência Nacional dos Advogados aconteceu em Curitiba, em maio de 1978. O tema geral dos debates foi o estado de direito.
'Não é a Curitiba que ficou mal-afamada por conta desses episódios de Moro, Dellagnol e companhia. Era a Curitiba que trilhava senhas para um outro Brasil que trilhamos e foi extremamente importante", afirmou.