Gestão Nunes admite falta de vacina contra Covid na cidade de São Paulo

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Não há vacina contra a Covid no município de São Paulo. As últimas 60 mil doses foram disponibilizadas ao público elegível em outubro, de acordo com nota enviada pela SMS (Secretaria Municipal da Saúde). Em relação aos imunizantes que protegem contra o vírus influenza e a dengue (Qdenga), não há problema de desabastecimento.

A reportagem ligou em algumas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e consultou o site De Olho na Fila, que informa a disponibilidade dos três imunizantes.

A situação exposta pela Secretaria da Saúde pode ser comprovada em pelo menos 21 unidades —nas UBSs Belenzinho, Barro Branco, Engenheiro Trindade, Vila Esperança - Dr. Cassio Bitencourt Filho, Vila Prudente, Vila Aricanduva, Mooca I e AMA/UBS Integrada Água Rasa (leste); UBSs Jardim Elisa Maria I, Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão, Santo Dias e Casa Verde Alta (norte); UBSs Alto De Pinheiros, Butantã, Dr. José De Barros Magaldi e Real Parque - Dr. Paulo Mangabeira Albernaz Filho (oeste); e UBSs Jardim Aeroporto - Dr. Massaki Udihara, Alto Do Umuarama, Campo Limpo, Indianópolis - Sigmund Freud e Barragem (sul).

A pasta afirmou que aguarda o repasse de novas doses da vacina contra a Covid para seguir com a imunização. Em 2024, de janeiro até o momento, na capital paulista, foram aplicadas 1.115.994 doses da vacina contra a Covid no público prioritário.

No SUS (Sistema Único de Saúde), os imunizantes são adquiridos pelo Ministério da Saúde e repassados aos estados, que distribuem para os municípios.

Apesar de questionada, a SES (Secretaria Estadual da Saúde) não respondeu se há outros municípios com falta das três vacinas. A pasta disse que em outubro solicitou ao ministério 500 mil doses do imunizante contra a Covid, mas recebeu 210 mil. No mês de novembro, das 150 mil doses, recebeu apenas 23.020.

Gripe e dengue

A população acima de seis meses é elegível para receber a vacina da gripe na cidade de São Paulo —a última remessa foi entregue em julho deste ano. Basta procurar a UBS ou AMA/UBS Integrada de referência.

O mesmo vale para receber as doses da Qdenga —ofertada a crianças e adolescentes de dez a 14 anos que moram ou estudam na capital. O último repasse ao município paulista ocorreu em novembro. Para se vacinar, o jovem deve estar acompanhado de um responsável legal maior de idade, além de apresentar documento de identidade com foto, comprovante de residência ou escolar.

Em relação à dengue, em novembro, a pasta estadual enviou ofício ao Ministério da Saúde para solicitar novas doses e que a vacinação seja estendida a todos os municípios do território paulista —e não apenas aos atuais 391 definidos pelo órgão federal—, para a população de quatro a 60 anos.

Em resposta, o ministério afirmou que as recomendações da vacinação não podem ser diferenciadas para um estado, pois incidem sobre todas as federações.

No dia 29 de outubro, a SES recebeu do ministério 330.380 doses do imunizante contra a dengue. Destes, 170.753 foram enviados à capital paulista.

O que diz o Ministério da Saúde

Em entrevista à Folha, Eder Gatti, diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, disse que, desde o final de outubro, foram distribuídas para o país 1,2 milhões de doses da vacina contra a Covid.

"Nós mandamos para o estado de São Paulo 210 mil doses no final de outubro. Depois, na última semana de novembro, uma complementação de 23 mil doses. O registro que nós temos é de aplicação de 102 mil doses, afirma Gatti.

"Nesta semana o Ministério da Saúde está recebendo vacina da Covid do seu fornecedor. Recebemos hoje um milhão e meio. Amanhã, vamos receber mais um milhão e meio, e no início da semana que vem, enquanto passar o procedimento regulatório, de inspeção de qualidade, vamos distribuir outra leva para os municípios. E também receberemos na semana que vem mais 1,9 milhões de doses. Essas doses que eu estou falando para vocês, de um milhão e meio, um milhão e meio e 1,9, são do contrato plurianual que o Ministério da Saúde inicia agora. Então, para nós a coisa está fluindo normalmente", diz o gestor.

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Em 23 de novembro, a Folha noticiou que o Ministério da Saúde perdeu no próprio estoque ao menos 58 milhões de vacinas da Covid desde 2021. O número se refere às doses que nem sequer foram distribuídas aos estados e municípios. O volume perdido ainda no armazém da Saúde valia cerca de R$ 2 bilhões.

Em relação à influenza, por ter passado o período de maior circulação do vírus, Eder Gatti explicou que o ministério só envia o imunizante se for solicitado.

"O momento de intensificação da vacinação é no primeiro semestre para os estados da região Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Nós já passamos dessa fase e não é mais o momento de distribuir vacina contra influenza, a não ser que os estados e os municípios solicitem. Se houver necessidade da vacina da gripe, o ministério tem no estoque para entregar", explica.

Sobre a dengue, segundo Eder Gatti, a restrição do número de doses da Qdenga se deve à capacidade de produção do laboratório produtor.

"O processo de gestão da vacina da dengue é um pouco mais complexo. Existe, sim, uma restrição no número de doses da vacina de dengue por conta da capacidade produtiva do laboratório. Nós compramos praticamente toda a produção. O Ministério da Saúde quer ampliar a vacinação. O problema é que tivemos que restringir faixa etária e município. Estamos fazendo envios periódicos aos municípios selecionados com base na capacidade que o laboratório tem para entregar."

"A da dengue não é uma vacina que temos disposição para distribuir na quantidade e na hora que queremos", afirma Gatti.

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