Separar ou não separar as contas de investimentos do casal? Essa é uma questão que gera dúvidas entre muitos casais, especialmente quando se trata de finanças e planejamento futuro. A resposta pode surpreender: sim, é vantajoso que casais mantenham contas de investimentos separadas, mas sempre com o entendimento de que o planejamento financeiro deve ser discutido em conjunto.
Assim como andar de bicicleta, situação em que cada um tem a sua, mas o casal pedala junto na mesma direção, manter contas de investimentos separadas oferece autonomia e segurança, enquanto o planejamento conjunto garante que ambos avancem em harmonia rumo aos mesmos objetivos financeiros. Discuto a seguir os benefícios desse enfoque.
Primeiro, a separação das contas permite um controle mais claro e preciso das despesas individuais. Cada cônjuge pode gerenciar suas despesas pessoais sem o risco de causar atritos desnecessários sobre como o dinheiro está sendo gasto. Essa divisão pode ajudar a evitar discussões e manter a harmonia no relacionamento.
Outra vantagem significativa é o ganho de garantias em dobro, como a do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Ao manter contas separadas, cada um dos cônjuges pode se beneficiar da cobertura do FGC, que garante até R$ 250 mil por instituição financeira. Isso significa que, em caso de problemas com a instituição financeira, ambos estarão mais protegidos.
Além disso, a separação das contas pode facilitar o processo de sucessão. Ao manter os recursos já divididos, a transição de patrimônio em caso de morte de um dos cônjuges pode ser mais simples e menos burocrática. O inventário pode ser menos custoso e demorado, já que parte do patrimônio estará automaticamente na posse do outro cônjuge.
A falta de acesso à conta em caso de acidente ou doença é outro ponto importante a considerar. Durante a pandemia, muitos casais enfrentaram dificuldades porque o cônjuge responsável pelas finanças ficou internado e sem acesso às contas. Manter contas separadas garante que o outro cônjuge tenha acesso imediato aos recursos, evitando transtornos financeiros em momentos críticos.
É fundamental ressaltar que o objetivo dessa separação não é dividir o dinheiro do casal de forma egoísta, mas sim ganhar os benefícios práticos que essa organização oferece. O planejamento financeiro deve sempre ser discutido em conjunto, com transparência e alinhamento de objetivos. A divisão das contas é uma estratégia para maximizar a segurança e eficiência da gestão do patrimônio, sem perder o foco na união e nos objetivos comuns do casal.
Por outro lado, é importante considerar que manter um volume maior em uma única conta pode oferecer vantagens. Um saldo mais elevado pode resultar em um relacionamento mais próximo com a instituição financeira, o que pode se traduzir em acesso a produtos exclusivos e melhores condições de investimento. Essa estratégia pode ser particularmente interessante para casais que preferem concentrar seus recursos para obter esses benefícios.
Além disso, a gestão separada pode aumentar a complexidade na hora de tomar decisões conjuntas sobre investimentos mais robustos, como a compra de imóveis ou a aplicação em grandes fundos de investimento, que podem exigir a consolidação dos recursos para alcançar o montante necessário.
A separação das contas de investimentos oferece controle financeiro e proteção em dobro, simplificando também questões sucessórias. No entanto, um volume maior em uma única conta pode trazer vantagens significativas, como melhores condições de produtos e um relacionamento mais próximo com a instituição financeira. Encontrar o equilíbrio entre independência e otimização dos recursos é essencial, e essa decisão deve ser tomada em conjunto, garantindo que ambos os cônjuges estejam alinhados com os objetivos financeiros do casal.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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